terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Novo Governo

Já aqui defendi que quem ganha as legislativas deve governar. Não porque deva ser efetivamente assim, mas porque os partidos políticos jogam no tabuleiro da eleição do primeiro ministro nas campanhas eleitorais.

No entanto, a constituição prevê que o partido com maior apoio eleitoral deva formar governo. Desta forma, e depois de Costa afirmar que tem condições para formar governo sendo corroborado por Catarina Martins, espero que o Presidente da República tenha perguntado a estes dois partidos, de forma direta, se aprovam ou não um governo PSD/CDS. No caso de a resposta ter sido negativa Cavaco deve indigitar António Costa sem fazer o país perder tempo. As ilações políticas e os eventuais castigos ou recompensas do eleitorado virão quando o governo da esquerda cair de maduro por perceber que muito mais é o que os separa do que aquilo que os une.

sábado, 17 de outubro de 2015

Estou Confuso...

Isto é uma reportagem? Uma publicidade? Uma publireportagem? Isto passou no telejornal? Isto só dá no site da rádio? O Zé Alberto aqui é jornalista? É ator? É diretor de informação? É aquele cargo estranho que ainda ninguém percebeu para que serve?
Tudo isto é estranho, mais estranho que o ele/ela do outro Zé. Aposto que a ERC vai abrir um processo...

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

José Rodrigues Dos Santos E A Homofobia

Hoje as redes sociais foram mais uma vez consumidas pelas chamas. Qual barómetro social, qual reino da parvoíce. Os internautas desocupados, ignorantes e cheios de vontade de sangue decidiram chacinar através das palavras no Facebook o jornalista da RTP, José Rodrigues dos Santos.

No Telejornal de ontem, o jornalista, por lapso já esclarecido pela RTP disse que "O deputado mais velho tem 70 anos e foi eleito, ou eleita, pelo PS". 
O tal deputado é Alexandre Quintanilha e, por coincidência, é homossexual. Mas José Rodrigues dos Santos não se lhe referiu nestes termos por graçola, mas antes porque pensava mesmo que se estava a referir a uma mulher, já que a peça da RTP também contemplava uma pensionista eleita pelo Bloco de Esquerda.

Rapidamente os internautas se começaram a referir ao jornalista como homofóbico e a pedirem a sua demissão.

Tantas vezes se criticam os jornalistas pelo linchamento gratuito de algumas personalidades que, antes de serem condenadas pela justiça, são-o pelos Órgãos de Comunicação Social, mas esquecem-se que os Facebookianos gostam de atirar balas sem se contextualizarem primeiro.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Legitimidade Para Governar

O resultado final das eleições legislativas pode legitimar uma governação com partidos de esquerda ou com a coligação de direita. Em termos abstratos a nossa democracia devia basear-se na eleição de deputados, que representam quem neles votou. Se assim fosse, tanto o Bloco de Esquerda como o Partido Comunista teriam legitimidade para reivindicar ao PS um governo de coligação. No entanto a personalização da campanha feita por todos os partidos, retira todos os argumentos ao PCP e Bloco.

Um partido político não pode fazer uma campanha completamente centrada no líder, dando a entender que se joga a eleição de um primeiro ministro e, resultados apresentados, reverter a estratégia.

Esta não é uma situação exclusiva de PCP e BE. Também o PS jogou no campeonato do líder todo poderoso. Curiosamente apenas a coligação não personalizou a sua campanha. Percebe-se porquê. Até o Bloco de Esquerda, em Coimbra, substituiu um cartaz onde apareciam Catarina Martins (líder do partido) e José Manuel Pureza (cabeça de lista) por um cartaz onde apenas surgia a líder.

Esta forma de fazer política não é mais correta porque contorna a substância do sistema que elege deputados que servirão para apoiar um Primeiro-Ministro que o Presidente da República nomeia. Mas é a estratégia escolhida pelos partidos. Desta forma, faz todo o sentido afirmar que quem ganha, governa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

"Morrer É Mais Difícil Do Que Parece"

Li por sugestão um texto escrito por Paulo Varela Gomes. Um texto forte que descreve como é difícil um cancro matar um homem agarrado à vida. E como é difícil um homem matar-se quando se encontra com Deus.

Paulo Varela Gomes tem cancro, há mais de dois anos. Não espera viver muito mais tempo e não quis submeter-se aos tratamentos oncológicos. "Decidimos que nunca me submeteria aos tratamentos da medicina oncológica, às suas armas: as clássicas (cirurgia), as químicas (drogas) e as nucleares (radioterapia). Estas armas destroem as defesas próprias do organismo e aceleram frequentemente a sua degradação. Já vi suficientes doentes de cancro entregues nas mãos da oncologia para tremer de horror ao pensar que poderia suceder-me o mesmo."

Tentou matar-se, mas diz que Deus não o deixou. "Coloquei a cadeira junto a uns troncos cortados, sentei-me e, já com os canos da arma na boca, o dedo aflorou o gatilho. Senti o metal como uma coisa sem qualidade, cálida, mortiça, dócil. Tudo me pareceu vagamente ridículo, o meu gesto, os objectos de que me rodeara. Veio até mim mais uma vez o cheiro da hortelã. Ergui os olhos que tinha fixados na guarda do gatilho e vi um pinhal que o sol, através de uma abertura nas nuvens, isolava, dourado, do verde-escuro da encosta. Ocorreu-me de repente uma vaga de alegria inexplicável, como se fosse um sinal da presença de Deus à semelhança daqueles que os textos sagrados referem por vezes. Cheguei à mais simples conclusão do mundo: estava vivo e, enquanto assim estivesse, não estava morto."

Um texto que é um "murro", como João Taborda da Gama o expressou no DN. Publicado originalmente na revista Granta, pode ser lido aqui!