sexta-feira, 18 de setembro de 2015

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O PS E Os Jornalistas - Round II

Não há dúvidas de que António Costa tem problemas em lidar com a imprensa. Agora ficamos a saber que as vespas que o sobrevoam também não lidam bem com jornalistas.

Reflexo disto é o azedume que os socialistas demonstraram quando a RTP decidiu pegar na frase de Paulo Rangel ("alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um primeiro-ministro sob investigação?") e fazer um debate sobre as interferências da política na justiça em Portugal. João Galamba veio pedir a demissão de Paulo Dentinho e Isabel Moreira disse que a RTP era uma puta.

O tema é importante e deve ser encarado como tal. A RTP cumpriu o seu dever e debateu um assunto que merece ficar esclarecido antes de os portugueses irem a votos. O jornalismo deve influenciar. Deve ter importância na hora de decidir. E não, Isabel Moreira, a RTP não deve ser isenta dessa forma que está a pensar. Porque para os políticos, isenção é dar um microfone a cada político em espaços temporais semelhantes. A realidade é que o jornalismo é muito mais do que isso, cara deputada.

Apesar de tudo, a RTP acabou mesmo por ser obrigada a ceder a pressões. O PS criticou e, embora o tema se tenha mantido, a frase de impulso - a tal de Paulo Rangel - foi removida. É como se o tema tivesse surgido por acaso.


Já agora, prefiro não comentar o post de Porfírio Silva que insinuou que há jornalistas a influenciarem a campanha por serem familiares de membros do PSD. O socialista referia-se claramente a Fátima Campos Ferreira que é casada com o atual Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. Talvez por ter feito a publicação às 6 da manhã, Porfírio ainda devia estar adormecido e esqueceu-se que o diretor de um dos jornais que mais vende em Portugal e que forma boa parte da opinião dominante na sociedade portuguesa é irmão do líder do seu partido.
 

Eu não tenho dúvidas de que Fátima Campos Ferreira foi profissional e independente na escolha do tema e moderação do Prós e Contras e também não tenho qualquer suspeita de que Ricardo Costa é um dos jornalistas mais livres que conheço e leio semanalmente com interesse.

Onda Anda O Dinheiro?

Na passada edição, o Expresso desenvolveu uma pequena reportagem sobre aquilo que está a tornar-se "uma tendência": o recurso a "caçadores de informação" que trabalham para grandes empresas, especialmente bancos, e que têm como objetivo saber onde param ativos escondidos ou fraudulentos. O BCP é o caso referenciado que segundo o Expresso anda atrás do dinheiro de alguns dos seus clientes maus pagadores. 

Ora, sendo este um serviço em franca expansão e cujo pagamento é feito consoante os resultados obtidos, faço minhas as palavras do fiscalista Tiago Caiado Rodrigues: "porque é que não foram contratadas empresas destas para investigar os casos recentes de falências de bancos em Portugal?"

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O Costa Quer Meter Medo

António Costa tenta a todo o custo manter o Caso "Marquês" longe da ribalta porque receita ser afetado pelas supostas trafulhices de Sócrates, mas não se coíbe de herdar vícios antigos do antigo primeiro ministro.

A forma como Costa se debateu com o jornalista Vítor Gonçalves na RTP vem deixar claro (se é que ainda existiam dúvidas) de que o líder do PS lida mal com a imprensa. Neste caso Costa afirmou que o jornalista da RTP estava ali mandatado pela coligação de direita. 

Para além deste caso vem-me à ideia a mensagem que este senhor enviou ao diretor adjunto do Expresso e ainda a discussão com uma jornalista da SIC que o apanhou "inopinadamente para pôr no telejornal".

Quando um indivíduo quer ser primeiro ministro e lida desta forma com a comunicação social algo está mal. Muito mal mesmo...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Os Masters Da Opinião

Depois de um debate político na televisão portuguesa entre líderes de partidos diferentes as televisões SIC e TVI convidam para comentar a prestação de Costa e Passos, Marques Mendes e Rebelo de Sousa, respetivamente. Estes dois senhores sentam-se na mesa (cada um em seu canal) e ao lado do jornalista vão falando da prestação dos debatentes. Tudo isto se passa em sinal aberto. E passa-se com a maior das normalidades, ignorando que Mendes e Marcelo são militantes de um partido que, por acaso, era um dos intervenientes no debate. Só por acaso.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tudo À Volta Do Debate. E Os Outros?

O debate de hoje entre Passos e Costa vem reafirmar as queixas consequentes que os pequenos partidos fazem ao jornalismo no geral e às televisões em particular. Não podemos continuar a tolerar que se dê um destaque de tal grandeza a apenas dois partidos políticos em detrimento de todos os outros. Nesta campanha eleitoral até os partidos com assento parlamentar foram remetidos para segundo plano, sendo os debates em que participaram despachados para os canais de notícias no cabo.

Não acredito numa lei eleitoral para contornar uma decisão que deve ser exclusiva das direções de informação. Acredito no bom senso jornalístico que, embora não possa dar destaque igual a todas as candidaturas (são mais de 20!) deve, pelo menos, contornar a sua preferência evidente por determinados partidos. Fazer tanto alarido em torno de um único debate é apostar no voto útil. Os jornalistas que tomaram esta decisão quiseram dizer aos espectadores que a decisão se encontra apenas entre um dos dois candidatos que debateram em direto e em simultâneo em todos os canais generalistas. E desta forma negar a ascensão dos pequenos partidos em Portugal, motivada pela descrença nos partidos políticos que nos governaram durante todo o período de liberdade e, quiçá, ignorar também a possibilidade de explosão de fenómenos como o Podemos, em Espanha ou o Syriza, na Grécia. 

Aquilo que provavelmente vai acontecer do próximo dia 4 de outubro é uma das maiores fragmentações da Assembleia da República nos últimos anos. Se isso acontecer o jornalismo vai perceber mais uma vez que há fenómenos que lhe são alheios e terá que correr atrás do prejuízo. Vai ainda ter a percepção - mais uma vez! - de que já não domina a maior parte do fluxo informativo e, por conseguinte, perde poder. Poder que é necessário a uma sociedade livre.

P.s.: É necessário elogiar a direção de informação da RTP que em sinal aberto no horário nobre do seu segundo canal dá espaço a todas as forças partidárias que concorrem a estas eleições.

domingo, 6 de setembro de 2015

Passos Contraditórios

No dia 3 de setembro o Observador (e outros jornais) publicou a notícia sobre a recusa de Passos Coelho aos Gato Fedorento. O primeiro ministro não quer ir ao programa apresentado por Ricardo Araújo Pereira porque Paulo Portas já assegurou a sua presença e se Passos também fosse estar-se-ia "a duplicar".

Nesse mesmo dia escrevi na caixa de comentários desta notícia que a justificação do chefe de estado era ridícula uma vez que Passos Coelho inviabilizou um debate com as principais forças partidárias porque queria que Portas também estivesse presente. Afinal, o que quer o PM? Talvez confie mais nas capacidades do seu companheiro de coligação do que em si próprio.


A propósito deste tema Ricardo Araújo Pereira revelou qual seria a primeira pergunta que faria ao atual primeiro ministro: "O homem que exerceu esse cargo antes de si está preso. Podemos ter esperança que lhe aconteça o mesmo a si?"


Esta pergunta só pode ser colocada por um humorista, mas tem toda a pertinência. O que responderia Passos? Se garantisse que isso era impossível, estaria a subentender que Sócrates está preso porque cometeu atos criminosos que ele nunca cometeu.


Seria muito interessante ouvir Passos Coelho, responder a esta pergunta que, invariavelmente, poderia trazer para a campanha o tema Sócrates com toda a força.

sábado, 5 de setembro de 2015

A Reportagem Da RTP Com Os Refugiados Na Macedónia

A Televisão tem a capacidade de mostrar imagens que quando utilizadas por bons profissionais nos dão o enquadramento perfeito de uma estória. É o caso da equipa composta pelo jornalista Ricardo Alexandre e pelo repórter de imagem Nuno Tavares que nos mostraram, em português, aquilo que os jornais já têm descrito. São as viagens dos refugiados Sírios na tentativa de chegarem ao centro da Europa.

Estes dois homens, ao serviço da RTP, entraram num comboio com condições abaixo do exigido e fizeram uma viagem longa até à fronteira com a Sérvia. Mostraram como se acomodam aquelas pessoas. Algumas até têm bancos, mas a maioria está deitada nos corredores e nos espaços entre carruagens. Vem-me à memória a segunda guerra mundial e os famosos comboios nazis. Estas pessoas terão um futuro menos mau, esperemos. Afinal já fizeram a viagem mais atribulada, sem linha e carruagens. Apenas com barcos frágeis e água, muita água.

A Vestir A Camisola Da CMTV

A CMTV voltou a oferecer-nos um momento memorável de televisão: um homem foi enxovalhado quando tentava entregar uma piza na casa onde José Sócrates está preso. E quem é que o enxovalhou? A jornalista da televisão mais asquerosa que Portugal já viu.

Onde anda o Sindicato e a Comissão da Carteira? Ah, esperem, andam a pedir aos jornalistas desportivos que tapem o logotipo da Nós dos coletes identificativos da liga!!!


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Longe Da Vista, Longe Do Coração

Não fosse estar deitada na areia, completamente encharcada e até podíamos dizer que esta criança morta estava simplesmente a dormir, tal é o seu ar sereno. É mais uma vítima da guerra dos homens que ainda não tinha idade para perceber. Esta fotografia não acrescenta nada à realidade. Já todos sabemos que morrem pessoas todos os dias a tentar chegar à Europa para uma vida verdadeiramente livre. Mas como na cultura ocidental o que está longe da vista, está longe do coração, é absolutamente pertinente mostrar uma das vítimas que não conseguiu chegar ao destino. 

O Jornalismo Refletido Ganha Sempre

Hoje o editorial do Público foi inteiramente dedicado a uma reflexão. Deveria ou não publicar a foto da criança, que fugia da guerra com os seus progenitores e que acabara por morrer e ser encontrada numa praia.

A conclusão desta reflexão é o que menos importa, aqui que é verdadeiramente importante é um jornal ter a capacidade de refletir as suas escolhas. Mesmo que depois elas se venham a revelar erradas. Isto sim é jornalismo!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Medina Dá Show

Medina Carreira dá show todas as semanas na TVI24. Nunca tinha perdido muito tempo a ver o catastrofista incorrigível, mas hoje virei-me para esse lado e pergunto-me: como é que Judite Sousa aceita estar de corpo presente, sem intervenção de maior, num programa em que apenas atira bananas ao macaco para ele mostrar mais truques? Pior ainda: como é que a TVI aceita ter uma das suas jornalistas mais bem pagas (presumo) a gastar tempo do seu trabalho num programa deprimente e de legitimidade questionável?

Medina escolhe os convidados, os temas, dá os títulos, não se coíbe de mandar umas bocas de velho rabugento quando não gosta dos horários do programa e ainda forma a sua opinião com base em gráficos que ele próprio constrói e, como se fosse a coisa mais natural do mundo, a TVI ainda os legenda atribuindo a fonte dos dados ao próprio Medina Carreira. Na edição de hoje Judite Sousa ainda duvidou da atualidade dos dados de um dos gráficos mostrados pelo antigo ministro. Mas não insistiu na questão para não hostilizar o convidado.

Afinal para que serve um jornalista num programa? Se é só para fazer sorrisos, acenar e dizer boa noite, creio que há pessoas mais capazes de o fazerem...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Merkel Deu O Exemplo. E Bem!

Depois de tantas críticas à Alemanha por causa da gestão da crise de refugiados, é importante agora tirar o chapéu à sua líder que deu um passo importante ao conceder asilo a mulheres e homens sírios. Merkel deu ainda um puxão de orelhas aos países que nem atam nem desatam e pediu à Europa uma rápida resolução de um problema que deixa milhares de pessoas em condições indignas em terreno europeu.

Não podemos continuar a assobiar para o lado e esperar que o problema se resolva sozinho. É fundamental encarar o problema e perceber que estas pessoas estão cá e não podem ser enviadas para os seus países de origem porque isso seria o equivalente a colocar-lhes uma corda no pescoço.

Como Merkel teve uma atitude de chefe de estado consciente e verdadeiramente europeista, confirmando os valores da fundação da União Europeia, vamos esperar para que os carneiros que geralmente a seguem em todas as suas tomadas de posição, também o façam desta vez.

Há ainda o problema de países como a Hungria que continuam a agir em termos sociais como outros agem em termos económicos. Será que a saída de um país da União Europeia só está em cima da mesa quando estes deixam de pagar as suas dívidas?