Capa da revista Courrier Internacional de dezembro de 2014 (nº226)
Em dezembro do ano passado a revista Courrier Internacional (Portugal) reuniu um conjunto de artigos de publicações estrangeiras sobre o período de governação de Barack Obama. A conclusão ficou vincada na capa em que o primeiro presidente negro da história da América aparecia cabisbaixo. "A última oportunidade" era o título da publicação e deixava evidente os degraus que Obama deixou de subir.
Num dos artigos traduzidos para a revista portuguesa dizia-se que "Obama pensava poder transformar a política e a sociedade americanas, mas pode não vir a ser lembrado como um grande chefe de estado". Quando colocado ao lado de outros chefes de estado, pensava-se que podia chegar ao nível de figuras como Kennedy ou Roosevelt, mas o Washington Post não perdoava: "Obama caiu tão baixo que os jornalistas se perguntam se Jimmy Carter não seria um paralelo mais adequado".
A verdade é que teve que governar um país debaixo de uma crise financeira sem precedentes, foi manietado por um congresso caprichoso e não podemos esquecer que o legado deixado pelo antecessor George W. Bush era desastroso.
Barack Obama conseguiu dar a volta por cima depois de se ver ultrapassado, enquanto potência económica, pela China. O gás de xisto deu um novo impulso à energia global e, de certa forma, deixou alguns dos países mais corruptos - e mais dependentes do petróleo - a fazer contas de cabeça e a mostrar ao mundo que quando o dinheiro falta é como quando se zangam as comadres: sabem-se as verdades e o povo revolta-se.
Pode dizer-se que o gás de xisto não foi feito de Obama. Até pode ter sido de Deus, mas ocorreu no seu mandato e, quer queiramos, quer não, mostrou ao mundo a pujança dos EUA e o seu domínio sobre a energia.
Mais recentemente Obama conseguiu, finalmente, os pins na lapela de que precisava para não voltar a ser comparado com os presidentes mais medíocres da história da América.
Este foi o homem que - aqui sim, sem rodriguinhos - tornou possível o hastear de uma bandeira dos Estados Unidos na capital de um dos seus mais hostis adversários: Havana.
Obama também encabeçou a vontade de mudar no casamento entre pessoas do mesmo sexo que agora já é permitido nos Estados Unidos. Tardou, mas foi!
O acordo nuclear ainda é embrionário, mas foi um passo histórico num mundo onde muitas vezes nem dialogar é possível.
Ficou a faltar Guantanamo. Façamos figas para que a intenção do presidente siga para bom porto. De facto, é de boas intenções que o inferno está cheio, mas se as intenções de Obama forem como as de Bush...
Texto originalmente publicado no site da SDDH\AAC
Num dos artigos traduzidos para a revista portuguesa dizia-se que "Obama pensava poder transformar a política e a sociedade americanas, mas pode não vir a ser lembrado como um grande chefe de estado". Quando colocado ao lado de outros chefes de estado, pensava-se que podia chegar ao nível de figuras como Kennedy ou Roosevelt, mas o Washington Post não perdoava: "Obama caiu tão baixo que os jornalistas se perguntam se Jimmy Carter não seria um paralelo mais adequado".
A verdade é que teve que governar um país debaixo de uma crise financeira sem precedentes, foi manietado por um congresso caprichoso e não podemos esquecer que o legado deixado pelo antecessor George W. Bush era desastroso.
Barack Obama conseguiu dar a volta por cima depois de se ver ultrapassado, enquanto potência económica, pela China. O gás de xisto deu um novo impulso à energia global e, de certa forma, deixou alguns dos países mais corruptos - e mais dependentes do petróleo - a fazer contas de cabeça e a mostrar ao mundo que quando o dinheiro falta é como quando se zangam as comadres: sabem-se as verdades e o povo revolta-se.
Pode dizer-se que o gás de xisto não foi feito de Obama. Até pode ter sido de Deus, mas ocorreu no seu mandato e, quer queiramos, quer não, mostrou ao mundo a pujança dos EUA e o seu domínio sobre a energia.
Mais recentemente Obama conseguiu, finalmente, os pins na lapela de que precisava para não voltar a ser comparado com os presidentes mais medíocres da história da América.
Este foi o homem que - aqui sim, sem rodriguinhos - tornou possível o hastear de uma bandeira dos Estados Unidos na capital de um dos seus mais hostis adversários: Havana.
Obama também encabeçou a vontade de mudar no casamento entre pessoas do mesmo sexo que agora já é permitido nos Estados Unidos. Tardou, mas foi!
O acordo nuclear ainda é embrionário, mas foi um passo histórico num mundo onde muitas vezes nem dialogar é possível.
Ficou a faltar Guantanamo. Façamos figas para que a intenção do presidente siga para bom porto. De facto, é de boas intenções que o inferno está cheio, mas se as intenções de Obama forem como as de Bush...
Texto originalmente publicado no site da SDDH\AAC
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