quarta-feira, 22 de julho de 2015

Os Fantoches Da Assembleia Da República

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Aqui há uns dias a TVI pôs um repórter na rua com fotografias dos deputados da Assembleia da República. Perguntava às pessoas se conheciam aquelas caras. A maior parte disse que não.

As pessoas que apareciam nas imagens eram eleitas para representarem, na casa da democracia, as pessoas que afirmavam não as conhecer.

O sistema político português assenta numa falta de interesse dos eleitores pelo sistema de eleição e, digamos, por uma falta de interesse dos eleitos em serem reconhecidos. Desta forma, os deputados não são associados a decisões que prejudicam os seus eleitores e assim vão passando pelos intervalos da chuva.

Se podemos dizer que o desconhecimento parte de algum alheamento por parte do povo relativamente às instituições, não é menos verdade que os partidos políticos jogam com isso a seu favor. 


É do interesse das estruturas partidárias que os deputados sejam apenas associados a um partido político e não a uma região da qual são provenientes. Só assim podemos explicar a ideia absurda e pouco democrática, apresentada pelo PSD de expulsar os deputados que se mostrem dissidentes em decisões tomadas na AR.

Outra forma de tentar contornar a genuína função das eleições legislativas - eleger deputados - é transmitir de forma insistente a cara dos líderes partidários que serão nomeados primeiros ministros no caso de o seu partido ganhar as eleições.

É ainda de lamentar que para que ganhem lugares elegíveis e tenham o seu quinhão, alguns indivíduos sejam enviados para encabeçarem listas em distritos com os quais não têm qualquer relação. É o caso de João Galamba que vai encabeçar a lista de Coimbra do PS sem ter relações com a cidade (talvez tenha uns avós na Figueira).

Em último lugar, referir a agitação que vai dentro do Partido Socialista com a distribuição de cadeiras. Ou, como o povo gosta de dizer, poleiros. Álvaro Beleza, entrevistado à entrada da sede do PS em Lisboa, e visivelmente preocupado com o seu lugar na AR disse que o partido devia escolher os seus deputados tendo em conta aqueles "que dão muito ao partido".

Era importante que os partidos políticos colocassem cada vez mais os interesses dos eleitores à frente dos seus interesses pessoais. A continuar assim fica a pergunta: para que servem 230 fantoches, se 23 faziam o mesmo serviço?

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