quinta-feira, 30 de julho de 2015

Assim Vai A Bola...

O Presidente da FIFA, Joseph Blatter demitiu-se há quase dois meses. Aconteceu quatro dias depois de ser eleito. Disse que já não sentia o apoio dos atletas, dos clubes, das federações. É claro que só no futebol é que uma eleição pode significar falta de apoio. Porque esse apoio é comprometido. É corrupto.

Blatter demitiu-se porque está a ser investigado e muito provavelmente vai gozar a reforma num T0 frio e húmido com vista limitada para o sol.

Outra pessoa de pureza questionável decidiu candidatar-se à presidência da FIFA. Não estou a falar de Luís Figo, falo de Platini. O francês arrogante quer ser o próximo abutre a ocupar o cadáver.

Continuo sem dar novidades. A grande novidade vem agora, pelo menos eu ainda não sabia. Mas as eleições da FIFA só se vão realizar em fevereiro! 8 meses depois da demissão do presidente! Blatter sabe que não é vetusto, demite-se porque está a ser investigado por suspeitas de corrupção e ainda fica mais 8 meses na cadeira de sonho!!!

[estou sem palavras] 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

#tvimal

Passos esteve na TVI para mais uma entrevista das muitas que ha de dar nas próximas semanas em virtude das eleições legislativas que aí vêm.

Ora, a entrevista pode ter sido boa ou má. Caberá a cada um decidir. Mas esta decisão parece facilitada por uma ideia da direção de informação da TVI. Ideia esta que já havia sido tomada na entrevista de António Costa e que consistia em pedir aos internautas que juntassem aos seus comentários à entrevista nas redes sociais, a hastag #passosbem e #passosmal consoante achassem que o PM se havia saído bem ou mal numa resposta.

Este método é claramente falível e inútil. Tem piada ver algumas pessoas no Facebook e Twitter aderirem a esta ideia, mas não se pode tirar qualquer conclusão do resultado final que, por acaso, até foi uma espécie de empate com ligeira vantagem para o #passosmal.

Utilizador do Twitter @boelojdjdjjdjd replica a hastag 
#passosbem em twetts absurdos para 
aumentar o ranking positivo

O círculo verde e vermelho no ecrã dá uma espécie de selo inovador à televisão que o emite. Mas já se devia saber que é propício a chapeladas. Exemplo disso é a conta no twitter @BoeloJdjdjjdjd que no decorrer da entrevista de passos fez twetts sem sentido aplicando a hastag #passosbem.

A TVI vai ter que manter esta lógica absurda no resto das entrevistas para as legislativas, mas esperemos que não seja transposta para outros formatos.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Problema Do BES É Da Justiça

© Richter Frank-Jurgen FREE CONTENTE LICENCE
Assisto com espanto à continuação dos protestos dos famosos lesados do Banco Espírito Santo. Pessoas que aplicaram as poupanças de uma vida de trabalho num produto financeiro de altíssimo risco e que agora se vêm sem o seu retorno.

É compreensível que o desespero os leve às ruas. Percebo as dificuldades porque podem estar a passar. Aquilo que não se compreende é que os cartazes que empunham tenham as caras de Carlos Costa, Passos ou Portas. Esses são só os incompetentes que sempre conviveram promiscuamente com os poderes financeiros. Os verdadeiros responsáveis pelas situações de desespero são Salgado, Ricciardi, Sobrinho e outros.

O protesto é sempre aceitável. Mas não é tolerável que se faça uma pressão deste nível sobre as instituições políticas, quando o problema deve ser resolvido pelas instituições judiciais.

Estas pessoas foram enganadas ou até mesmo ambiciosas de mais. Já se ouviram casos de assinaturas de contratos de cruz e até já se ouviram casos de instruções falsas deliberadas para que subscrevessem os produtos de altíssimo risco.

Enquanto cidadão não vou tolerar que este problema se resolva nos gabinetes de S. Bento. São os tribunais que devem encontrar os responsáveis pela situação, procurar o dinheiro e entrega-lo a quem de direito. Mas também é preciso identificar os ambiciosos a quem o BES criou água na boca com taxas de juro elevadíssimas e com prefeita noção do risco.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Os Fantoches Da Assembleia Da República

© IPPAR  FREE CONTENTE LICENCE
Aqui há uns dias a TVI pôs um repórter na rua com fotografias dos deputados da Assembleia da República. Perguntava às pessoas se conheciam aquelas caras. A maior parte disse que não.

As pessoas que apareciam nas imagens eram eleitas para representarem, na casa da democracia, as pessoas que afirmavam não as conhecer.

O sistema político português assenta numa falta de interesse dos eleitores pelo sistema de eleição e, digamos, por uma falta de interesse dos eleitos em serem reconhecidos. Desta forma, os deputados não são associados a decisões que prejudicam os seus eleitores e assim vão passando pelos intervalos da chuva.

Se podemos dizer que o desconhecimento parte de algum alheamento por parte do povo relativamente às instituições, não é menos verdade que os partidos políticos jogam com isso a seu favor. 


É do interesse das estruturas partidárias que os deputados sejam apenas associados a um partido político e não a uma região da qual são provenientes. Só assim podemos explicar a ideia absurda e pouco democrática, apresentada pelo PSD de expulsar os deputados que se mostrem dissidentes em decisões tomadas na AR.

Outra forma de tentar contornar a genuína função das eleições legislativas - eleger deputados - é transmitir de forma insistente a cara dos líderes partidários que serão nomeados primeiros ministros no caso de o seu partido ganhar as eleições.

É ainda de lamentar que para que ganhem lugares elegíveis e tenham o seu quinhão, alguns indivíduos sejam enviados para encabeçarem listas em distritos com os quais não têm qualquer relação. É o caso de João Galamba que vai encabeçar a lista de Coimbra do PS sem ter relações com a cidade (talvez tenha uns avós na Figueira).

Em último lugar, referir a agitação que vai dentro do Partido Socialista com a distribuição de cadeiras. Ou, como o povo gosta de dizer, poleiros. Álvaro Beleza, entrevistado à entrada da sede do PS em Lisboa, e visivelmente preocupado com o seu lugar na AR disse que o partido devia escolher os seus deputados tendo em conta aqueles "que dão muito ao partido".

Era importante que os partidos políticos colocassem cada vez mais os interesses dos eleitores à frente dos seus interesses pessoais. A continuar assim fica a pergunta: para que servem 230 fantoches, se 23 faziam o mesmo serviço?

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Os Festivais, A Internacionalização E As Marcas

em Oeiras, Portugal
Nos Alive 2015 © Diogo Pereira 2015
Os festivais de música estão a posicionar-se cada vez mais como referências de Portugal no estrangeiro. De volta a conversa do clima propício e a hospitalidade.

No Alive, por exemplo, não é preciso andar muito para tropeçar em espanhóis, franceses, italianos, alemães e muitos outros estrangeiros. Segundo Álvaro Covões, responsável por este evento que acontece anualmente em Oeiras, a receita é trazer os turistas até Lisboa, dar-lhes a manhã e a hora de almoço para visitarem a cidade e provarem a gastronomia, à tarde assistem aos concertos das suas bandas favoritas e ainda ficam com a madrugada para experienciarem a movida alfacinha.

A fórmula parece resultar. Só este ano foram 15 mil os estrangeiros que estiveram em Lisboa para ver Muse [na foto], Mumford & Sons e muitos outros artistas de relevo mundial. E mais uma vez, segundo a organização, ficaram por Lisboa mais dias do que os três do festival.

Com tanto público e tantos interessados em entrar no recinto, este é o tipo de acontecimentos que atrai as marcas. Os brindes são às centenas e a construção de stands parece épica. O objetivo é ver quem tem o castelo mais vistoso.

Mas ainda falta muito público de fora do país para que estes festivais tenham uma verdadeira posição global. Começaremos a estar perante produtos de atração global quando, como nos eventos desportivos, as marcas internacionais tiverem interesse em patrocinar estes concertos.

No Alive não há marcas globais. Ou melhor, apenas a Heineken, marca de cerveja holandesa é de conhecimento global. De resto, o patrocinador principal é português e todos os outros o são também.

Quando os estrangeiros forem mais, talvez venhamos a conhecer novos patrocinadores. Ou melhor, sponsors...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O Vício Dos Números

Observador noticia empregabilidade dos cursos das instituições de ensino superior portuguesas em quatro artigos
Se pudéssemos generalizar e dizer que todos os jornalistas eram viciados em alguma coisa, essa coisa seria os números. A ansiedade de quantificar é tanta que, muitas vezes nem olhamos para o verdadeiro valor dos dados apresentados. Falo na primeira pessoa, porque compreendo a factualidade dos números e, de facto não há dados mais objetivos do que eles. Mas, nem só de objetividade vive o jornalista. Um olhar crítico não faz mal a ninguém.

A economia tem avassalado de tal forma a atualidade que, quando falamos em dívida, défice, PIB, taxa de desemprego ou inflação, esquecemo-nos que estes dados dizem respeito a pessoas e que um ajuste no excel pode por as contas a bater certo, mas pode ter implicações sociais terríveis.


As peças são diferentes, mas baseiam-se todas num "documento do Ministério da Educação enviado às instituições de ensino superior". E baseiam-se mal porque estes dados podem ser falaciosos.

Em primeiro lugar, nem todos os graduados estão inscritos nos centros de emprego e, assim, não contam para as estatísticas. Em segundo lugar, a empregabilidade não é analisada à luz da área de formação dos licenciados. Ou seja, um curso que empregue muitos jovens, mesmo que num sector completamente diferente da sua área entra para as estatísticas como um curso com grande empregabilidade.

O Observador é cauteloso ao admitir que "estes dados sobre o desemprego têm de ser lidos sempre com cautela, pois nem todos os desempregados estão inscritos em centros de emprego e, por outro lado, muitos podem estar a trabalhar em ofícios que nada têm que ver com a licenciatura (com ou sem mestrado integrado) que tiraram". Mesmo assim não deixa de dar destaque ao tema com títulos enganadores e com referências inequívocas na Newsletter assinada por David Dinis, o diretor.

Neste caso deve fazer-se uma reflexão sobre qual o objetivo das notícias dos órgãos de comunicação social. Se esclarecer era a vontade dos jornalistas que escreveram estes textos, ela não foi conseguida. E estando nós numa época do ano em que milhares de jovens se preparam para escolher o seu futuro no ensino superior, estas informações podem mesmo induzi-los em erro.

terça-feira, 14 de julho de 2015

O Cancro De Laura

Correio da Manhã, 8/7/15
Algumas vezes jornalistas e atores da sociedade fazem pactos. Compromissos de honra, baseados na palavra, que têm um objetivo.

O último pacto de que há conhecimento foi estabelecido com o Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho e tinha como objetivo ocultar a doença de Laura Ferreira, sua esposa, que luta contra o cancro.

Este compromisso com os jornalistas nunca havia sido quebrado até Passos autorizar uma sua assessora a biografa-lo e, com essa autorização, autorizou-a também a escrever sobre a doença da mulher. 

Recentemente, Passos e Laura apareceram juntos numa visita oficial a Cabo Verde. A imprensa - principalmente a de qualidade duvidosa - aproveitou para fotografar Laura sem cabelo e escrevinhar sobre a doença desta mulher.

Muitos foram os que se insurgiram contra os jornais e revistas que escreveram sobre o assunto, mas Passos quis que isto acontecesse. É um político experiente e sabe perfeitamente que "é das carecas que os eleitores gostam mais".

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Bem Vindos Ao Século XXI

Cristina Esteves explicou ontem as diferenças nos blocos informativos em 16:9 © RTP
A RTP começou hoje a transmitir integralmente em 16:9. Esta tecnologia que transforma a imagem num retângulo em vez do atual quadrado - simplificando a explicação técnica -, é usada por televisões de todo o mundo em produções televisivas de grande qualidade. A alta definição, por exemplo, é conseguida com esta resolução de imagem.

A realidade é que a televisão pública já transmitia os seus formatos de entretenimento - como os programas da manhã e da tarde, os concursos, as ficções e os eventos desportivos - em 16:9. Mas só agora a informação é feita com este padrão. Desconfio que este atraso se deve à idade avançada dos meios técnicos que a RTP usa na informação, que dificultam a passagem para esta nova fase. Há - ou havia - delegações regionais da televisão pública que ainda usavam câmaras de cassete!

Esta é uma boa notícia, significa que a RTP se está a modernizar, mas devíamos ter ouvido esta notícia há pelo menos uns 5 anos atrás, para não dizer 10... ou 15!

Continuar a emitir em 4:3 quando a televisão começou a trilhar novos caminhos há muito, é o mesmo que mostrar programas a preto e branco quando as cores já são possíveis.

Mas pior do que a RTP, estão SIC e TVI que emitem, em 2015 - sim, em 2015! - integralmente em 4:3 e com qualidade de imagem absolutamente deplorável. Basta compararmos a emissão dos canais privados com o canal público no daytime, por exemplo.

Esta questão leva-me ainda mais a acreditar que as televisões não querem fazer investimentos em tecnologia e que muito menos estão preocupadas com a sua reputação ou a sua viabilidade a longo prazo. Interessam-se apenas em lucrar hoje.

A fraca aposta na inovação, os programas da treta que, desde a primeira à última hora apenas interessam às gerações mais velhas e os enjoativos concursos assentes em chamadas de valor acrescentado vão conseguir uma coisa: o desaparecimento destes canais como os conhecemos. Prova disso é o aumento significativo das audiências dos canais por cabo.

domingo, 12 de julho de 2015

O Mundo A Duas Cores

© André Carrilho
Este cartoon, do português André Carrilho, foi o vencedor do World Press Cartoon 2015. Gosto de duvidar de quem diz que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas esta é mesmo muito forte.

A crítica baseada no Ébola que sacrificou milhares de vítimas em todo o mundo, é aplicada a uma transversalidade de acontecimentos jornalísticos que, consoante as coordenadas têm menor ou maior relevância.

Esta imagem devia ser impressa em grandes dimensões, emoldurada e colocada em todas as redações do mundo ocidental.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

É Preciso Ter Coragem

Parlamento Grego, Atenas ©Vanessa Silva, 2013

É preciso ter coragem para fazer aquilo que os gregos fizeram ontem. Contra todos os poderosos que faziam valer a sua posição como quem tem a faca e o queijo na mão, a Grécia quis ser dona do seu destino e, ao contrário do que diz o vetusto José Manuel Fernandes, dar uma lição de democracia à Europa.

Esta Europa que nos últimos dias se apresentou como a última Coca Cola do deserto. Ou como a última bolacha do pacote. Manienta. Arrogante. Achando-se a tábua que salva Rose da morte e mata Jack por não querer subir. Como se a protagonista de Titanic fosse Portugal e Di Caprio a Grécia.

Falta povo a esta Europa moribunda. Faltam eleições. Na realidade, falta democracia. A democracia que deu um murro na mesa na Grécia e negou mais uma dose de quimioterapia para tratar um cancro que, provavelmente, se cura com células dendríticas.

A própria demissão de Varoufakis mostra que este Syriza não está agarrado ao poder, que quer encontrar uma cura para a Grécia que não a mate mais rápido do que o seu mal. Este ministro das finanças reconhece assim que se excedeu e que tem que dar lugar a uma nova forma de negociar. Mais uma lição destes miúdos.

Uma lição que Portugal devia anotar no seu caderno. Afinal, há ministros que fazem política e tomam decisões políticas. Será que Miguel Relvas, Paula Teixeira da Cruz ou Nuno Crato sabem que as consequências dos atos políticos são a demissão?

E será que é desta que o pateta do primeiro ministro português vai pousar os pompons e assumir que devia ter ido mais além nas negociações? Claro que não. Passos Coelho é jovem e ainda tem muitos anos pela frente para trabalhar. E, afinal de contas, ele não sabe fazer mais nada.

P.s.: Este texto de Pedro Santos Guerreiro no Expresso é tudo aquilo que eu queria dizer.