terça-feira, 2 de junho de 2015

O PSD De Oliveira Do Hospital É Inclusivo Q.B.

No passado domingo, um avião comercial andou pelos ares do Montijo a baixa altitude. Nada de grave. A companhia responsável pelo aparelho apressou-se a dizer que se tratava de um trabalho de formação de pilotos, sendo corroborada pela força aérea. Não houve, portanto, quaisquer problemas e todas as normas de segurança estavam a ser cumpridas, no entanto aquele gigante dos ares a rasar as chaminés assustou alguns populares.

Entrevistado pela reportagem da SIC um popular, quando viu o aparelho, disse o seguinte: "Deus queira que o avião não caia aqui e vá cair para o mar." Vão lá morrer longe, quis ele dizer.

Se pensarmos de forma racional é, de facto, preferível que um avião caia longe do centro da cidade para que o número de vítimas seja o mais reduzido possível - como acontece no filme Crashpoint - 90 Minuten bis zum Absturz. Mas este exemplo, algo caricato, não deixa de ser paradigmático da leviandade de algumas opiniões e, acima de tudo, daquilo que é o nosso umbiguismo.

Todo este exemplo serve para fazer paralelismo com um caso que me deixou perplexo: o PSD de Oliveira do Hospital (PSD\OH) não quer que os refugiados sírios que Portugal vai receber cheguem àquele município porque o dinheiro gasto com estas pessoas deve ser canalizado para melhorar a vida dos munícipes que passam dificuldades.

Como o senhor que a SIC entrevistou, também o PSD\OH quer que o avião vá cair no mar para que nós, que estamos aqui em baixo, não levemos com ele em cima.

Estes senhores acreditam que "esses refugiados" vão "viver à custa da nossa debilitada segurança social ou em atividades obscuras e sem controlo". Acrescentam ainda que o dinheiro despendido na ajuda a estes seres humanos deveria ser aplicado em "incentivos à natalidade". 

Estes apoios são o melhor incentivo à natalidade que pode haver, ou será que os senhores do PSD\OH não sabem que há mais de 1 milhão de crianças que tiveram que fugir à guerra na Síria?

O mesmo PSD que criou os vistos dourados, tem percorrido o mundo à procura de investidores internacionais, puxou os reformados ricos de outros países para cá e até vendeu metade do país a estrangeiros estará a tornar-se num país altamente conservador e nacionalista? Será que vamos ver Passos Coelho ao lado de Marine Le Pen ou de Nigel Farage a defender o controlo das fronteiras com punho de ferro?

O partido que se orgulha de ter combatido o regime fascista devia ter uma postura mais solidária para com aqueles que não têm liberdade nos países onde nasceram. Aqui podemos ter pouco emprego e salários baixos, mas temos liberdade e paz. O que se tem passado na Síria e no Iraque é um atentado aos nossos valores mais remotos, por isso temos a obrigação de abrir os braços a quem para cá quiser vir. Quanto aos que vivem à custa da nossa debilitada segurança social injustamente devem ser punidos. Quer sejam sírios ou portugueses.

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