sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Homem Que Ergueu A Primeira Mesquita Gay-Friendly

© Fotografia de Charles Platiau (Reuters), publicada na Visão (1162\11-6)
Ludovic-Mohamed Zahed nasceu em 1978, em Argel e foi-nos apresentado na última edição da Visão (1162\11 junho) porque é uma pessoa especial. A começar pela quase paradoxal formação que tem em Ciências Humanas e Religiosas e Estudos de Género.

Zahed mudou-se para Paris com a família quando tinha apenas um ano. Cedo percebeu que os caminhos que queria traçar eram sinuosos e não se cruzam. Estavam, aliás, muito distantes. O pai dizia-lhe que a masculinidade que Deus lhe havia dado "não era boa". Já o avô ajudou-o a perceber que o Islão e os seus toques efeminados não eram compatíveis. A ajuda que recebeu foi pela via da agressão física. Um dos seus irmãos também contribuiu para que ele percebe-se que estava em rota de colisão. Queimou-o com cigarros.

Todas as turbulências porque que passou não foram suficientes para o afastarem do Islão. A Irmandade Salafista era muito importante na Argélia nos anos 90 e Zahed junta-se a eles. Aprende Árabe e decora o Corão. "Infelizmente, toda a bela filosofia de vida que o Islão contém foi contaminada por uma ideologia que é o contrário da espiritualidade religiosa", lamenta na entrevista à Visão.

Desiludido com a religião Islâmica, tentou converter-se ao cristianismo ou ao budismo, mas encontrou homofobia em toda a parte, "até mesmo entre os que não acreditam em Deus", acaba no mundo das drogas e contrai Sida.

Todas estas pedras no caminho serviram para construir aquilo que é hoje. Deu volta à vida e construiu a primeira mesquita gay-friendly da Europa. A partir daqui começa a história original. Depois de liderar orações num espaço escondido, com medo de ameaças, conseguiu erguer um espaço amplo no centro de Paris onde até mulheres lideram orações.

A motivação deste homem surgiu de histórias que de original nada têm: a recusa, por parte da comunidade islâmica, em sepultar fieis transexuais.

A comunidade que Ludovic-Mohamed Zahed ergueu segue as tradições islâmicas. As preces de sexta-feira, contratos de casamento e rituais fúnebres. Afinal, "não há nada no Corão nem nos Hadith [as palavras e ações de Maomé] que justifique a homofobia".

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