segunda-feira, 25 de maio de 2015

O Comboio Tem Que Avançar

Quando fui morar para Coimbra, fruto do meu ingresso na universidade, passei a usar os taxis com mais frequência. Era normal esperar mais de 45 minutos por um autocarro cuja viajem durava mais de 20 minutos e ainda ficava a 5 minutos a pé do meu destino. Mesmo sendo Coimbra uma cidade à qual os estudantes regressavam todos os domingos, os SMTUC não conseguiam dar resposta às necessidades e a viagem era feita com o meu nariz a roçar o sovaco de outros estudantes e com os meus pés a servirem de base às rodas do trólei carregado de roupa limpa e caixas de comida para mais uma semana de aulas.

Hoje deve ser igual. Eu já não vou tantas vezes à terra e, quando vou, tento fintar os domingos e os taxis que aumentaram as tarifas para valores que me fazem esquece-los como alternativa na maior parte das vezes que tenho de me deslocar. Mas como Coimbra não tem autocarros à noite ou de madrugada, há vezes que o taxi é a única alternativa. Ou uma chamada para um amigo com carro.

Vejo-me agora surpreendido (talvez espantado, ou admirado) com a ideia que a FPT e a ANTRAL tiveram de taxar os taxis que saem dos aeroportos portugueses em 20 euros. 20 euros são quatro contos, que diabo! Parece que a ideia não foi bem acolhida pelo governo, mas ela só pode ser uma ideia a ter em conta porque o mercado dos transportes públicos individuais é um grande monopólio. Será por isso que dizem que os taxistas são todos salazaristas?!

As associações de taxistas não descansaram enquanto não liquidaram a Uber, uma empresa que assenta num conceito de partilha. Um conceito bem à moda destes novos tempos de smartphones, aplicações, redes sociais e outros que tais. Mas a Uber só pode desaparecer porque um tribunal português assim o deliberou. Na dúvida, em vez de se encontrarem as irregularidades e de se criar legislação para as resolver, optou-se por manter o negócio do transporte público individual em regime de monopólio em vez de se abrir o mercado ao progresso e inovação. 

Sites como a Uber, Blá Blá Car ou Airbnb são a prova de que estarmos sempre ligados, muda a forma como interagimso mesmo ao nível dos serviços que utilizamos. O comboio está em marcha e para-lo, agora, não pode ser bom. Deixa-lo avançar pode conferir a Portugal um lugar na vanguarda dos negócios de partilha.

Sem comentários:

Enviar um comentário