sexta-feira, 13 de março de 2015

Mujica: "Viver É Superar As Coisas Que Ficam Para Trás E Ter Outras Para A Frente"

© Expresso
Na última edição do semanário Expresso (2210) o jornalista Márcio Resende teve a oportunidade de entrevistar um dos chefes de estado mais carismáticos do mundo. E não foi fácil. De entre as milhares de solicitações, José Alberto Mujica Cordano escolheu pessoalmente o semanário luso para aprofundar relações entre o Uruguai e Portugal. 

É na sua chácara, distante do centro de Montevideu que sempre morou e continua a morar. Retirando, claro está, os quase quinze anos que esteve preso aos braços da ditadura militar. Vive em 45 metros quadrados debaixo de um teto de zinco. Recusou a residência oficial e recusou também as formalidades. Quando o jornalista chega à casa de Mujica encontra um polícia, sem farda, que o cumprimenta.

Este homem, de 80 anos, foi o responsável por colocar o Uruguai no mapa mundial. É, inclusivamente, mais popular no resto do mundo do que no seu próprio país. "Ninguém é profeta na sua própria terra", ironiza.

Quanto a inovação está em quase todos os tops possíveis. Foi o segundo país da América Latina a legalizar o aborto e a permitir o casamento homossexual e tornou-se no primeiro estado no mundo a regular a produção, distribuição e venda de marijuana. Ajudou no reatar das relações entre Cuba e EUA, recebeu presos de Guantanamo e doa 87% do seu salário.

Não serão apenas virtudes. Não há homens perfeitos. Mas Mujica tem valores vincados que segue à risca. Da entrevista ficam as palavras mais inspiradoras:


"Viver é superar coisas que ficam para trás e ter outras à frente."
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"Do ponto de vista da temperatura social, os seres humanos tendem sempre a considerar que houve um passado melhor. Porque quando pensamos assim, lembramo-nos da nossa juventude. Naturalmente, não há passado mais lindo do que a juventude."
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"Nenhum vício é bom, a não ser o do amor."
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O jornalista pergunta o que sentiu quando um jornalista fumou à sua frente durante uma entrevista:
"Senti pena. Porque ele fez isso como um processo libertador. Mas que libertador?! É a construção de uma escravidão!"
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"Creio que se aprende muito mais da dor do que da bonança. A bonança envaidece, idiotiza, torna tudo fútil."
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"Alguns como eu pensam que é possível a construção de um mundo melhor. Mas é possível que esse mundo melhor seja a marcha constante. Não quer dizer que cheguemos a uma terra prometida. Quer dizer que damos conteúdo à vida de lutar por esse mundo melhor."
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"A Europa tem uma profunda dependência da batuta alemã. A Alemanha conseguiu na paz o que não conseguiu alcançar com duas guerras."
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"Outro erro foi a Ucrânia, foram longe demais no mapa. Estaria bem se tivessem deixado a Ucrânia em stand by. Mas cometeram o erro de pedir mais do que podiam dar."
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"O problema não é Putin. É a Rússia."
Entrevista disponível aqui!

1 comentário:

  1. Esta entrevista está excelente mesmo! Conseguiu obter respostas maravilhosas através de um discurso fluente e profissional. Aliás, o "Expresso" tem-nos presenteado com excelentes entrevistas!

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