domingo, 30 de março de 2014

Ir De Tapas

em Madrid, Espanha
Há experiências que não se têm todos os dias e uma vez que estou em Madrid. Sou Madrileno.
Aproveitando um fim de semana de visita de uns amigos potugueses à capital espanhola não poderíamos deixar passar a oportunidade de comer o que de mais tradicional Madrid tem.
Juntamente com outros estrangeiros que estavam de passagem pegámos em 10€ e fomos até aquilo que em Portugal chamaríamos de Tasca. Na realidade é um restaurante, longo em comprimento, no qual as pessoas se vão sentando ou vão ficando de pé, foi o nosso caso. Depois escolhemos entre sangria, tinto de verano - que é uma espécie de sangria mas sem frutos - ou cerveja. A partir daqui tudo o que acontecer está fora do nosso controlo. Enquanto a jarra não ficar vazia os pratos também não ficam porque a comida vai surgindo.
As mais destacadas são as batatas bravas. Umas batatas com molho picante, muito picante, de fazer ir ao copo muitas vezes. Vão surgindo também uma espécie de croquetes não muito bem identificáveis acompanhados por pequenos pedaços de tortilha. Como se não bastasse vão ainda surgindo também fatias de pão com os mais diferentes petiscos em cima: desde presunto, queijo, fiambre... Um mimo para o colesterol.
É preciso falar alto, muito alto porque os espanhóis são assim, sem constrangimentos ou vergonhas. Barulhentos por natureza.
Outra particularidade: na mesa só há comida e bebida. Todo o lixo, como guardanapos ou palitos vão parar ao chão. Ninguém ocupa mais espaço do que o essencial.

sábado, 29 de março de 2014

O Teatro Do Fundo Da Minha Rua

em Madrid, Espanha
No dia 27 de Março foi dia mundial do teatro. Há ideias nebulosas sobre os primórdios desta arte mas desconhece-se a época exata em que ele nasceu. Na realidade esta será uma das mais antigas artes existentes. O Teatro é tudo e todos somos atores.
Não podia deixar passar este dia sem o assinalar. Ou até podia, mas não seria a mesma coisa.
Aqui em Madrid houve uma grande promoção a este dia, ou melhor, à noite dos teatros que prometia entradas com valores muito acessíveis para que todos os madrilenos, ao menos neste dia, pudessem tomar contacto com a arte de Shakespear (uma delas).
Não sei quantos teatros há em Madrid. Fiz uma pesquisa na interntet e também não fiquei a conhecer o número exato. Apenas que são muitos. De acordo com as coordenadas do Google Maps mais de 200 certamente.
Para quê procurar freneticamente se a resposta às nossas perguntas pode estar debaixo do nosso nariz, ou melhor, no fundo da nossa rua?
Os Teatros do Canal estão bem no fundo da minha rua, em Madrid, e neste dia mundial do Teatro ofereceram uma visita encenada gratuita.

Às cinco em ponto lá estamos para começar a viagem por este moderno espaço, inaugurado no bairro de Chamberi em 2009. Os torniquetes abrem-se quando uns dez minutos depois da hora um assistente nos recebe. Somos uns trinta visitantes e ele faz-nos prometer uma série de regras que, em voz alta e de mão no ar, alto e bom som, vamos repetindo à medida que o simpático assistente as vai proferindo.



Subimos ao primeiro andar e encontramos mais uma personagem. Esta parece uma atriz saída da idade média. Uma dama de vestido comprido, cor de rosa, cabelo encaracolado e cara lisa.
Faz referência à arquitetura moderna com elementos em madeira e vidro, muito vidro. Mesmo num dia de nuvens como este 27 de Março a luz da rua é quase toda aproveitada. Insiste para que saibamos o nome do arquiteto: Juan Navarro Baldeweg.


A primeira paragem sentada faz-se na sala vermelha. A modernidade impera. Estamos perante um luxuoso espaço que homenageia o teatro. São 863 lugares para disfrutar de espetáculos altamente auxiliados pela tecnologia. Aqui podem fazer-se para além de peças teatrais, concertos ou projeções cinematográficas. É na sala vermelha que vamos encontrar mais um guia. Este parece aterrorizador. É o fantasma dos teatros do canal.

Saídos da sala vermelha voltamos a parar no meio do caminho para olharmos para o alto das paredes do edifício e congratular a arquitetura de Juan Navarro Baldeweg.


Caminhando mais um pouco, não muito, conhecemos a sala verde. Um pouco mais pequena do que a vermelha mas esta com mais capacidades. A plateia pode transformar-se para que, à semelhança da sala vermelha, se alinhe em plateia à italiana (em que o público está à frente do palco) ou para que o palco fique transformado num autêntico ring de boxe com público por todos os lados.

Na reta final da visita aos teatros do canal conhecemos ainda o centro de dança. Um centro de excelência também ele com capacidades arquitectónicas à sua medida.

A visita aos Teatros do Canal terminou com um "cheirinho" do ensaio do típico Flamenco espanhol.

sábado, 22 de março de 2014

Aula Aberta No Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra

em Coimbra, Portugal
O convite surgiu de alguém que não conhecia: o Professor Pedro Jerónimo. O objetivo: dar uma aula aberta no Instituto Superior Miguel Torga, em Coimbra onde é docente. O propósito: o documentário que realizei.
Aceitado que foi o desafio aqui ficam alguns elementos do evento como fotos e cartaz...
Fotografia tirada no decorrer da aula aberta

Destaque do "Diário de Coimbra" do dia 20.3.14 e cartaz do evento

Entrevista dada à TV AAC no final da aula aberta

quarta-feira, 19 de março de 2014

Podemos Deixar Morrer A Mais Antiga Profissão?

O “Jornalismo é a mais velha profissão, mesmo mais velha que a outra”. Quem o diz é Mário Zambujal. E eu pergunto: podemos deixar morrer a mais antiga profissão?

Fiz este trabalho essencialmente com dois objetivos. Em primeiro lugar porque me estou a licenciar em jornalismo e como é meu objetivo fazer disto profissão achei por bem fazer uma apalpação do terreno para saber com o que posso contar no futuro. Em segundo lugar vi no conceito entrevista o pretexto ideal para conversar com pessoas que, de outra forma talvez fosse mais complicado.

Na realidade as conclusões não foram as mais animadoras: ganha-se mal no jornalismo e ele está quase a desaparecer.

Respondendo à pergunta com que iniciei este conjunto de palavras acho que não podemos deixar morrer esta profissão. 

A liberdade (pela qual não lutei) sabe-me bem. Gosto de poder escrever sobre as atrocidades Russas e dizer que o Passos Coelho é um mau governante sem ter medo de ser preso, ou pior, levar um pontapé. Falar sobre as atrocidades Russas e dizer mal do Passos não é possível apenas porque vivemos em liberdade, aliás só a liberdade é que permite que o Passos seja primeiro ministro. O que permite tomar posições, criticar e, em último recurso, julgar, é o acesso à informação, e esse acesso apenas se consegue porque existem jornais (poucos), televisões, rádios e internet(s). Na realidade tudo isto é uma pescadinha de rabo na boca. Há informação porque há liberdade e há liberdade porque há informação.

A informação que nos permite tomar decisões acertadas e dizer que o Passos é mau (ou bom) primeiro ministro tem sempre que ser uma informação profissional porque só os profissionais é que têm faculdades para a desenvolverem. Acontece que, na atualidade, qualquer um que tenha acesso à internet pode ser jornalista. O grande problema é que o público em geral, essencialmente os mais novos que sempre estiveram habituados à ideia de liberdade total, não vêm qualquer diferença entre o site “Tá Bonito” e o site “Público.pt”. Sem desprimor para os conteúdos de um ou de outro convínhamos que a informação responsável é a do segundo. No segundo podemos responsabilizar o autor da informação porque aquilo é a profissão dele. Ele tem deveres públicos.

Para que o jornalismo continue a ser a mais velha profissão e não acabe é preciso consciencializar o público para a necessidade de pagar os seus conteúdos. Só assim retiramos importância à publicidade nos jornais e garantimos que o direito constitucional de “ser informados” se mantém.

domingo, 16 de março de 2014

O Teleférico De Madrid ▷

em Madrid, Espanha
Dizem eles que é onde conseguimos as melhores panorâmicas de Madrid. Não é uma mentira total. Mas quase. Do Teleférico de Madrid conseguimos ver os arranha-céus da capital espanhola mas, na realidade não de forma muito clara. Talvez quem tenha uma câmara de grande resolução, como aquelas dos repórteres fotográficos dos estádios, consiga ver qualquer coisinha com nitidez. Ainda assim confesso: é um bom passeio de domingo e não é muito dispendioso. Passa pouco dos cinco euros a viagem de ida e volta. Mas ir e voltar para onde? Para uma zona verde muito perto da cidade: Casa de Campo. Poderíamos ir de metro: gastaríamos menos e não teríamos a desculpa do factor subterrâneo porque esta parte da linha é à superfície mas chegar através dos cabos também não é mau.
A Casa de Campo faz lembrar uma zona rural, distante do frenesim citadino. Há árvores, muitas árvores, um lago, pessoas em piqueniques e do alto do teleférico avistam-se coelhos. Uns a andar, outros a correr e alguns até sentados com as patas dianteiras no ar como que a dizer adeus aos turistas que passam nas cabines azuis, com nuvens brancas ilustradas.
A viagem dura cerca de dez minutos. Chegados a Casa de Campo, saímos do Teleférico e damos um passeio pelo parque. Avistamos, a uns cinco minutos de caminho, o Parque de Atrações de Madrid. Ao longe apenas conseguimos ver as montanhas russas. Parecem assustadoras. Ouvem-se os gritos dos mais afoitos. Junto de nós há crianças que se divertem e adultos que aproveitam o dia de sol num dos pedaços sombrios de relva.