quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Tudo O Que Se Passa Passa Na TSF (2)

em TSF, Porto, Portugal
O relógio marca 4:30, é de noite lá fora e os três jornalistas já estão na redação. O primeiro noticiário transmitido em direto do Porto só começa às seis da manhã mas o trabalho de recolha de informação começa muito antes disso. Artur Carvalho, editor dos noticiários da hora certa indica-me o caminho para a sala da videoconferência e confidencia-me, em tom de brincadeira: “eles não estão muito bem dispostos, ninguém pode estar bem disposto a trabalhar numa segunda feira a estas horas”.


Com o apoio da tecnologia começa a primeira reunião do dia com a sede da TSF em Lisboa. Aqui alinham-se as primeiras notícias do dia através da análise daquilo que foram os noticiários do dia anterior. “Não há grande coisa hoje” lamenta uma jornalista do lado de lá do ecrã, “é por ser segunda feira” conclui a jornalista Leonor Martins que tem a seu cargo os noticiários das meias horas.


Os primeiros noticiários do dia são feitos a partir dos estúdios da delegação da TSF do Porto, na Trindade. O edifício do nortenho Jornal de Notícias é também a casa da rádio que vai até ao fim da rua ou até ao fim do mundo para contar uma boa estória.

“O mais difícil é o horário” confidencia-nos Leonor Martins que vai passando os olhos pelos jornais que acabaram de chegar pela mão do senhor Fernando, o funcionário que também faz um percurso diário, antes do sol nascer, para apanhar todos os jornalistas do turno da manhã, nas suas casas, e os deixar na TSF antes das quatro e meia da manhã, “é uma importante ajuda porque assim não há desculpa para adormecermos ou chegarmos atrasados” refere Artur Carvalho, entre um sorriso interrompido por um bocejo enquanto escreve os títulos das primeiras notícias do dia.



A máquina de cápsulas não para durante toda a manhã, é a ajuda imprescindível para que os profissionais se mantenham de olhos abertos. Com o copo de café na mão e em frente ao computador vão trocando algumas impressões sobre a atualidade e sobre a fraca quantidade de assuntos para tratar nesta manhã de segunda feira.

Bem perto das sete da manhã, Artur Carvalho espera que a impressora da redação imprima todos os textos para o primeiro noticiário e convida-me a assistir ao trabalho em direto no estúdio. “Aqui é o programa informático que alinha os sons [com depoimentos] que vão entrar e aqui é o chat onde estou a conversar com o animador de Lisboa que me vai apresentar e que no final do noticiário vai continuar a emissão”, explica o editor apontando para o computador. No estúdio uma televisão sintonizada na SIC Notícias e um relógio digital informam que está eminente o começo da transmissão. A revolta na Turquia é o tema central do dia e o noticiário começa com os últimos desenvolvimentos e inclui declarações de um professor universitário que contextualiza o tema.

À saída do estúdio o jornalista cruza-se com o técnico responsável que lhe diz que tudo correu dentro dos parâmetros técnicos normais, ainda assim a presença do técnico é dispensável para o decorrer do noticiário, uma vez que o jornalista tem todos os comandos à sua frente e é ele que conduz as operações. A figura do técnico é importante sim na hora de fazer o tratamento dos sons e de os alinhar no programa informático para que o jornalista os possa lançar depois.

A delegação da TSF na invicta parece uma rádio pirata, embora esteja instalada no edifício do Jornal de Notícias a entrada faz-se pela garagem. Caminha-se um pouco e depois encontra-se a entrada, não é um sítio fácil, parece obscuro, algo ilegal. No interior notam-se os 25 anos nas paredes decoradas com pósteres da seleção nacional de futebol amarelecidos e muitos motivos de publicidade e com inscrições de slogans míticos da TSF. Na entrada para o corredor de acesso aos 4 estúdios pode ler-se “tudo o que se passa, passa na TSF”. Há várias televisões sintonizadas nos três canais de informação mais mediáticos de Portugal e no decorrer de cada noticiário um dos jornalistas coloca os headphones e ouve a emissão das concorrentes para perceber o que é notícia nas outras sintonias. Não faltam jornais do dia, e de outros dias nem café, muito café que vai sendo consumido à medida que o sono pede.

As únicas pausas destes jornalistas são para fumar. De quando em vez lá vão até à porta da rua – não se pode fumar na redação – para “dar uns bafos rápidos porque há muito trabalho” afirma Leonor Martins. E depois volta-se para a frente do computador porque a cada 30 minutos a TSF entra no ar para dar as últimas.

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