sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Uma Definição Para Redes Sociais E Jornalismo

O jornalismo já não é feito apenas por jornalistas para o público. Agora a fronteira que separa do jornalista do cidadão que se quer manter informado é cada vez mais ténue. Temos assistido, nos últimos anos, a uma entrada dos meios de comunicação social, não só na internet como, dentro da internet, nas redes sociais: facebook, twitter ou até mesmo o youtube são exemplos disso. Estes espaços públicos onde parece estar toda a gente, são cada vez mais apetecíveis para os órgãos de comunicação social uma vez que através deles conseguem promover o seu trabalho mas também conseguem fontes de informação de grande utilidade. O público não quer apenas ser informado, também quer informar e, na realidade, há sempre alguém que viu primeiro ou viu melhor: porque não aproveitar este contributo? 

Quando falamos em redes sociais e jornalismo concebemos uma relação de troca de informações, ainda assim, mesmo antes da fixação do público em frente aos ecrãs dos computadores, smartphones e tablets esta troca de informações já existia e o público já conseguia falar com os órgãos de comunicação social através de telefones ou das míticas cartas ao diretor. Para Lopez agora há novas formas e mais rápidas. “o que é realmente novo é a superação de novas barreiras, principalmente as tecnológicas e novas possibilidades que se abrem na atualidade para a participação dos usuários no processo de produção de informação.” [LOPEZ: 2007]. A ideia de que o público pode e consegue participar no processo de produção de uma notícia é o que de realmente novo as redes sociais vieram trazer e, com isso, mudaram por completo as formas tradicionais de fazer jornalismo: “a audiência deixou de ser passiva” [PAVLIK: 2001]. Como se a inovação não bastasse, ela mostra-se fértil uma vez que não é difícil que um cidadão comum se possa transformar numa espécie de jornalista: 

“A tecnologia deu-nos um kit de ferramentas para a comunicação que permite a qualquer um tornar-se um jornalista a baixo custo e, na teoria, com alcance global. Nada disto teria sido possível no passado.” [GILMOR: 2004] 

“Existe um novo tipo de público, interessado em participar de várias maneiras, partilhando informação e, ao mesmo tempo, disposto a desenvolver matérias informativas” [LOPEZ: 2007] 

Com todas estas possibilidades ao serviço do jornalismo impõe-se uma pergunta fatal: continuaram a existir jornalistas profissionais? Pode dizer-se que esta é uma pergunta que tem estado na mesa desde que os públicos começaram a participar no processo de produção de notícias mas, principalmente, a partir do momento em que começaram, eles próprios a produzir informação. Nesta questão Edo é perentório e considera a expressão “jornalismo cidadão pouco feliz, que não reflete a realidade.” 

“O jornalismo exige níveis cultural e ético adequados, a capacidade de trabalho e de síntese, linguagem adequada, persistência, fontes seguras e contrastadas, uma empresa confiável para garantir a precisão e as estruturas de trabalho profissionais. Mas também é verdade que neste contexto, os jornalistas têm que assumir novos desafios e aumentar seu nível de trabalho, além de coordenar o fluxo de informações com a demanda de qualidade, com modelos textuais que forneçam os géneros e com rigor para colocar o selo de autenticidade”. [EDO: 2007] 

Para a investigadora Ana Bambilha as redes sociais assentam em três vertentes: 

“Na apuração (busca por fontes, personagens, pautas, testemunhos, opiniões); na veiculação (linguagem adequada aos medias sociais, grupos e momentos certos para divulgação de determinadas notícias); e no feedback / relacionamento com o publico (aproveitar a quantidade de informação espontânea e gratuita para melhorar o trabalho” [BAMBILHA: 2010] 

O Twitter tem ganho, nos Estados Unidos da América – não há estudos que demonstrem se esta tendência também se verifica em Portugal – mais fãs em deterimento do Facebook que se apresenta como a rede social com mais utilizadores (1000 milhões de utilizadores ativos no Facebook, 200 milhões no Twitter). Os adolescentes são os que mais se queixam das restrições de privacidade impostas pela rede social de Marck Zuckerberg e estão a transferir-se para o Twitter que, segundo o seu co-fundador, Bizz Stone “é uma rede de informação muito rica para informar em tempo real. A nossa ideia é que essa informação chega a todos a quem possa interessar, é nisso que estamos a focar-nos.” 

Numa observação que a investigadora Kárita Cristina Francisco fez da utilização das redes sócias por dois órgãos de comunicação portugueses – o Jornal de Notícias e o Público – concluiu que 

“o uso do Twitter e do Facebook pelo Jornal de Notícias e pelo Público visa especificamente a divulgao de notícias, por se tratar de um perfil de uma empresa de comunicação e que de acordo com Recuero (2009) estaria em busca de valores como autoridade e reputação”. [FRANCISCO: 2012] 

As redes sociais estão presentes e para ficar no quotidiano dos jornalistas e os profissionais da comunicação têm tentado controlar os efeitos colaterais que estes novos meios podem causar. Veja-se o caso de uma jornalista da CNN que foi despedida depois de publicar a sua opinião numa rede social. É importante olharmos para as redes como praças públicas onde tudo o que é dito pode ter uma projeção global e chegar a milhões de pessoas. Também por isso, José Alberto Carvalho, quando era diretor de informação da RTP criou um conjunto de nove regras que os jornalistas deveriam seguir quando usassem da palavra no Twitter ou Facebook. “A autoridade tradicional do profissional formado está sob o desafio de amadores dotados sejam eles blogueiros em Gaza ou Twitters em Mumbai” [MCNAIR: 2009]. As prespetivas para o jornalismo na rede não parecem ser famosas mas devem ser enfrentadas como um repto para uma maior e melhor profissão.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Com Que Linhas Se Cose O Futuro Do Jornalismo? ▷




Em tempos de mudança também o Jornalismo sofre com os novos hábitos. Leitores, ouvintes ou telespetadores passaram a chamar-se apenas consumidores de informação e alguns casos são eles próprios os jornalistas. O Jornalismo tem vindo a revelar-se um negócio não rentável. Há cada vez menos jornais a circular e cada vez mais utilizadores de internet.



Nesta reportagem são abordados diferentes temas sobre o futuro do quarto poder através de entrevistas aos atores do momento.

Miguel Sousa Tavares, ex-jornalista e comentador político não acredita na maturidade da informação online e defende que os jornais deveriam ser só papel.

Bábara Reis, diretora do Jornal Público está convicta de que os sites vão começar a dar dinheiro aos órgãos de comunicação social.

Emídio Rangel, fundador da SIC e da TSF está cada vez mais de pé atrás relativamente aos profissionais que hoje veiculam notícias e afirma que a qualidade do jornalismo tem vindo a decair enormemente nos últimos anos.

João Paulo Meneses, editor de online da TSF, olha a internet como uma ameaça aos meios tradicionais e às formas de se fazer jornalismo.

João Figueira, professor de Jornalismo na Universidade de Coimbra alerta para a necessidade de se pensar no jornalismo a nível global e chama atenção para a queda do número de profissionais nas redações ao mesmo tempo que crescem os especialistas em comunicação empresarial.

Helder Bastos, Professor de Jornalismo na Universidade do Porto faz uma análise ao modelo de negócio que ainda não descolou e que põe em causa o futuro da profissão.

Carlos Camponez, Professor de Jornalismo na Universidade de Coimbra não acredita no fim da profissão porque isso pode pôr em causa a própria democracia.

Não Aconteceu. Está a Acontecer mostra com que linhas se cose o futuro do jornalismo em Portugal.