sábado, 5 de outubro de 2013

Reitor Da Universidade De Coimbra Espera Que O Próximo Ano Letivo Seja “Igualmente Sombrio”

em Coimbra, Portugal
Nunca um ano letivo na Universidade de Coimbra (UC) tinha começado com um ego tão massajado. Pelo menos nos últimos anos. Antes das farpas ao governo e aos cortes orçamentais que estão “muito acima do resto da administração pública” João Gabriel Silva não deixou de congratular todos aqueles que fizeram da Universidade Património Mundial afirmando que “para muitos Coimbra é o símbolo primeiro da própria cultura de Portugal”. Com o peso da Sala dos Capelos, onde decorreu a cerimónia solene de abertura do ano letivo da UC o Reitor confessou sentir-se “pequeno perante a responsabilidade que esta distinção representa”. Contudo o homem forte da mais antiga universidade portuguesa não deixou de saudar o seu antecessor, Seabra Santos, pelo papel que este desempenhou na candidatura “Universidade, Alta e Sofia” a Património Mundial da UNESCO. 

Já no final do preâmbulo do seu discurso, ouvido por todos os que couberam na Sala dos Capelos, Gabriel Silva deixava já adivinhar as duras críticas ao governo: “As Universidades são peças chave na recuperação de Portugal”. Sob o olhar atento dos reis portugueses que, em tempos, ali foram coroados e agora ali estão representados o reitor crítica todos aqueles que acham que não vale a pena ter uma formação académica: “A melhor defesa para o desemprego é um curso superior”. 
Ajeitando o capelo, azul claro, respeitando as cores das suas origens académicas, João Gabriel Silva, enumera todos os rankings que trouxeram boas classificações para a Universidade de Coimbra no ano anterior e, intrigado, pergunta porque é que o governo quer impedir as universidade de angariarem receitas próprias, aludindo à recente polémica instalada no Ensino Superior depois de o Ministério das Finanças ter vindo a público proibir as Universidades de aumentarem as receitas provenientes de outros setores que não as propinas. Classificando esta posição do governo de “insana” o reitor conclui que “sem sólidas receitas próprias já estaríamos em colapso total”. 
João Gabriel Silva não está otimista relativamente ao ano letivo que agora começa alertando que “para 2014 temos a certeza de um cenário igualmente sombrio” uma vez que estão em causa as despesas base de subsistência da UC. Passando os olhos pelo ano que agora começa o líder da mais antiga universidade portuguesa está satisfeito com os resultados das colocações no Ensino Superior “tendo em conta a crise”. Para o antigo diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra é importante uma aposta forte no apoio social para que “nenhum estudante deixe a universidade por falta de dinheiro”. 
Na conclusão do seu discurso, e depois dos habituais agradecimentos a todos os professores, investigadores, estudantes e funcionários o reitor afirma que a UC vai ultrapassar todos os desafios, embora estando sujeita a uma “pressão sem tréguas”, porque “a nossa vontade é antiga e porque a nossa força é imensa”.

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