sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ASu(A)stador!

em Guimarães, Portugal
A Capital Europeia da Cultura tem tudo. Coisas que se percebem bem, coisas que se percebem mal e coisas que, simplesmente, não se percebem. A arte tem destas coisas! Os devaneios do artista nem sempre são perceptíveis, ou então a mentalidade de quem olha para as obras é que não está devidamente aberta... ou fechada, quem sabe. Caixas com vibrações e sons anti-epilépticos, comboios telecomandados com telemoveis em cima das carruagens, cordas, ou cabos (não percebi o material) que giram insistentemente como um convite a saltar à corda, projectores que arrastam a imagem das pessoas que ousam passar na sua frente, estruturas de madeira com altura suficiente para fazer inveja à torre do Dubai, uma caixão com a forma de Portugal ou até um circuito de roupas penduradas por cabides a andarem às voltas numa grande sala acompanhadas por um cronómetro que conta os segundos de vida do autor daquela obra.
Uma grande confusão, mas o certo é que tudo isto faz parte de uma das estruturas culturais recém remodeladas, em Guimarães para acolher a Capital Europeia da Cultura. Mas tal é o seu caris alternativo que para a visitar é preciso apanhar um comboio, ou um autocarro, sair de Guimarães com destino a Covas e andar um metros a pé por um passeio minúsculo construído numa rua onde automóveis circulam a grande velocidade. Até o horário de funcionamento é diferente, enquanto os museus e estruturas culturais do centro da cidade funcionam até às seis da tarde (por norma) a gigantesca estrutura deslocalizada está aberta a visitas até à meia noite. A cultura é para todos os gostos na Fábrica ASA. 

Logo na entrada o cenário é de madeira. A primeira obra é uma grande torre, promovendo um suposto museu, que é possível visitar utilizando as escadas interiores. Ao subir os degraus a temperatura vai aumentando, mas não há problema porque no topo uma ventoinha arrefece as ideias dos visitantes que, imagine-se, encontram um mesa com folhas lisas e canetas de feltro para fazer desenhos e deixar mensagens, curioso!

Passando para o segundo espaço de exposição o espirito tecnológico, é levado ao extremo. A começar por um comboio (daqueles de brincar) que, supostamente, anda pela linha com ligações de telemoveis, infelizmente estava desligado, lamentável!

Andando mais um pouco o cenário é de projecção video. Será video? Aquilo parecia mais uma televisão sem descodificador TDT. A ideia daquela obra, parece-me, que é arrastar a imagem de da pessoa que passa em frente ao projector de video, ridículo!

Na mesma sala que expõem tecnologia de ponta é ainda possivel olhar para um monitor com um robô na imagem que soletra palavras em espanhol, estúpido!

Depois de caminhar mais dois ou três passos de boca aberta posso ver uma corda, ou cabo de metal, a girar de forma insistente sem parar. O efeito até tem a sua piada, mas a utilidade é imperceptível à vista de quem não percebe nada de ciência, ou algo que o valha, nem consegue descodificar os textos ilustrativos das obras, giro!

Ao lado da corda os visitantes, poucos naquele momento, são abordados por um dos assistentes da sala. Convida-nos a entrar numa caixa negra anti-epilepsia. Depois de sentirmos um tremeliques, uns sons fortes e umas luzes intermitentes podemos levantar-nos, porque estivemos deitados durante dez minutos, Assustador!

Deixo a sala da ciência e vou até à maior colecção do edifício, no piso superior, construida propositadamente para a Capital Europeia da Cultura 2012. Um conjunto de casacos e camisolas que circulam por uma grande sala, pendurados em cabides fixados numa estrutura que os faz mover. Assim ao longe parecem cadáveres, e é isso mesmo que o autor quer mostrar, pessoas mortas, macabro!

Mais macabro ainda, no mesmo local é o contador de segundos com algarismos vermelhos que conta o tempo que o artista já viveu. Há-de parar de contar no dia da sua morte, ébrio!

Antes de sair da Fábrica ASA passo ainda pelo último espaço visitável, de novo no primeiro andar. O destaque vai para o caixão com a forma de Portugal, que dias antes tinha servido para fazer o funeral ao país que naquela cidade nasceu e que também o viu morrer, humorístico!  

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