sábado, 29 de setembro de 2012

Publicidade De Outros Tempos - 1

Publicidade ao Renault Clio publicada no Diário de Notícias do dia 23 de Novembro de 1992.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Quem Te Viu E Quem Te Vê

em Coimbra, Portugal
É das conversas que já mais ouvi e tenho a certeza que se viver mais cem anos vou continuar a ouvir, pelo menos se a Universidade de Coimbra se mantiver intacta. Coimbra morre no mês de Agosto. Sendo uma cidade quase exclusivamente dedicada ao ensino superior, com diversas instituições académicas e, claro, a mais antiga e melhor(+) Universidade do país, as férias escolares tiram o pilar que movimenta a cidade do Mondego: os estudantes. Por isso o melhor do Verão em Coimbra é mesmo quando acaba. Quase todos saem à rua na quinta-feira, que é por excelência o dia das saídas nocturnas, porque na maioria das faculdades não há aulas no dia seguinte e porque, sendo a maioria dos universitários residente fora da cidade, o fim de semana é usado para reencontrar e matar saudades da família. Quase todos saem de casa, mesmo havendo previsão de chuva, como era o caso do dia de ontem e a Praça da República, bem no coração da cidade, é o local privilegiado para os encontros. Acompanhados de vinho, cerveja ou bebidas mais espirituosas os académicos reúnem-se em círculos e falam da academia, do governo, da crise ou simplesmente cortam na casa uns dos outros. Foi desta forma que nasceram os movimentos reaccionários que fizeram história em Portugal ou que nasceram as mais brilhantes obras dos mais brilhantes escritores lusitanos. Mas em 2012, embora os encontros sejam semelhantes, as mentes parecem estar mais acomodados  Já não há luta, já não se discute política com palavrões, apenas surgem alguns lamentos, mas os estudantes parece que estão adormecidos. Ou talvez não. Pode ser que no momento desta foto, numa daquelas tertúlias tenhas nascido um movimento que faça força na mudança de paradigma social que toda a Europa vive. Também espero que o excesso de álcool não tenha servido para apagar as mentes de um ou outro iluminado que por ali tenha passado.
FOTOGRAFIA: © Diogo Pereira, tirada na Praça da República, em Coimbra no dia 28 de Setembro, há uma da manhã, com 9ºc e previsão de chuva.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Um Café Igual A Uma Tarde De Repouso

em Paris, França

Viajar até Paris é viajar até ao mundo da arte maior, viver a cultura na primeira pessoa, atropelar todas as possíveis e imaginárias culturas enquanto caminhamos pelos Champs Elysees, ter experiências únicas, conhecer monumentos especiais e imponentes, ser cosmopolita, viver no frenesim, etc... Mas o que fazer nos entretantos? Sugiro que nas pausas entre museus se vá apontando no papel o nome da obra x que vimos no Museu Rodin ou o número de escadas que subimos na Torre Eifel. Tudo isto são boas soluções, mas em Fevereiro as temperaturas não são muito convidativas a fazer recuperações de memória nos jardins da capital Francesa. Portanto o melhor mesmo é entrar num café. Na loucura pedir um bica. E depois olhar para a factura que, por acaso até é apresentada com toda a simpatia e normalidade. 
O dinheiro que poupo (por ser menor de 26 anos e residente na União Europeia) nos museus e monumentos é directamente encaminhado para o preço do café que está mais caro que o litro da gasolina.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ASu(A)stador!

em Guimarães, Portugal
A Capital Europeia da Cultura tem tudo. Coisas que se percebem bem, coisas que se percebem mal e coisas que, simplesmente, não se percebem. A arte tem destas coisas! Os devaneios do artista nem sempre são perceptíveis, ou então a mentalidade de quem olha para as obras é que não está devidamente aberta... ou fechada, quem sabe. Caixas com vibrações e sons anti-epilépticos, comboios telecomandados com telemoveis em cima das carruagens, cordas, ou cabos (não percebi o material) que giram insistentemente como um convite a saltar à corda, projectores que arrastam a imagem das pessoas que ousam passar na sua frente, estruturas de madeira com altura suficiente para fazer inveja à torre do Dubai, uma caixão com a forma de Portugal ou até um circuito de roupas penduradas por cabides a andarem às voltas numa grande sala acompanhadas por um cronómetro que conta os segundos de vida do autor daquela obra.
Uma grande confusão, mas o certo é que tudo isto faz parte de uma das estruturas culturais recém remodeladas, em Guimarães para acolher a Capital Europeia da Cultura. Mas tal é o seu caris alternativo que para a visitar é preciso apanhar um comboio, ou um autocarro, sair de Guimarães com destino a Covas e andar um metros a pé por um passeio minúsculo construído numa rua onde automóveis circulam a grande velocidade. Até o horário de funcionamento é diferente, enquanto os museus e estruturas culturais do centro da cidade funcionam até às seis da tarde (por norma) a gigantesca estrutura deslocalizada está aberta a visitas até à meia noite. A cultura é para todos os gostos na Fábrica ASA. 

Logo na entrada o cenário é de madeira. A primeira obra é uma grande torre, promovendo um suposto museu, que é possível visitar utilizando as escadas interiores. Ao subir os degraus a temperatura vai aumentando, mas não há problema porque no topo uma ventoinha arrefece as ideias dos visitantes que, imagine-se, encontram um mesa com folhas lisas e canetas de feltro para fazer desenhos e deixar mensagens, curioso!

Passando para o segundo espaço de exposição o espirito tecnológico, é levado ao extremo. A começar por um comboio (daqueles de brincar) que, supostamente, anda pela linha com ligações de telemoveis, infelizmente estava desligado, lamentável!

Andando mais um pouco o cenário é de projecção video. Será video? Aquilo parecia mais uma televisão sem descodificador TDT. A ideia daquela obra, parece-me, que é arrastar a imagem de da pessoa que passa em frente ao projector de video, ridículo!

Na mesma sala que expõem tecnologia de ponta é ainda possivel olhar para um monitor com um robô na imagem que soletra palavras em espanhol, estúpido!

Depois de caminhar mais dois ou três passos de boca aberta posso ver uma corda, ou cabo de metal, a girar de forma insistente sem parar. O efeito até tem a sua piada, mas a utilidade é imperceptível à vista de quem não percebe nada de ciência, ou algo que o valha, nem consegue descodificar os textos ilustrativos das obras, giro!

Ao lado da corda os visitantes, poucos naquele momento, são abordados por um dos assistentes da sala. Convida-nos a entrar numa caixa negra anti-epilepsia. Depois de sentirmos um tremeliques, uns sons fortes e umas luzes intermitentes podemos levantar-nos, porque estivemos deitados durante dez minutos, Assustador!

Deixo a sala da ciência e vou até à maior colecção do edifício, no piso superior, construida propositadamente para a Capital Europeia da Cultura 2012. Um conjunto de casacos e camisolas que circulam por uma grande sala, pendurados em cabides fixados numa estrutura que os faz mover. Assim ao longe parecem cadáveres, e é isso mesmo que o autor quer mostrar, pessoas mortas, macabro!

Mais macabro ainda, no mesmo local é o contador de segundos com algarismos vermelhos que conta o tempo que o artista já viveu. Há-de parar de contar no dia da sua morte, ébrio!

Antes de sair da Fábrica ASA passo ainda pelo último espaço visitável, de novo no primeiro andar. O destaque vai para o caixão com a forma de Portugal, que dias antes tinha servido para fazer o funeral ao país que naquela cidade nasceu e que também o viu morrer, humorístico!  

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Forte Do Berço

em Guimarães, Portugal
Quem só agora se surpreende com a emancipação feminina é porque não conheceu a Condessa Mumadona Dias. Uma senhora que se viu a braços com a liderança do condado portucalense depois da morte do seu marido, Conde Hermenegildo Gonçalves. Com o poder nas mãos a senhora de posses invejáveis em toda a Peninsula Ibérica não se deixou abater pela perda do marido e toma decisões de grande relevância, manda construir, na parte baixa de Guimarães, o Mosteiro de Santa Maria e na parte alta o Castelo de S. Mamede. Mumadona Dias reflectiu na construção desta obra imponente o seu próprio poder perante os restantes senhores feudais.
A construção do Castelo de Guimarães teve importância capital na defesa do recém criado mosteiro de Santa Maria e, claro, das populações que por ali se foram fixando. A cidade passou a ter relevância uma vez que tinha altas condições de defesa.
Hoje em dia o Castelo de Guimarães está perfeitamente acessível e é, claro, uma das sete maravilhas portuguesas, que vale a pena visitar, num local agradavelmente conservado ideal para o repouso e passeio de famílias inteiras que querem ver o local onde D. Afonso Henriques passou grande parte da sua infância e, quem sabe, planeou liderar Portugal.
FOTOGRAFIA: © Cláudia Paiva '12

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Paço

em Guimarães, Portugal

De longe, incoscientemente, parece que deixamos Guimarães e passamos a estar na Londres industrial (as grandes chaminés cilíndricas enganam). A ilusão passa de pressa. Quando nos aproximamos e somos recebidos por D. Afonso Henriques, aquele que bateu na mãe e disse que a partir daquele momento seriamos portugueses. Mas deixemos de parte o primeiro rei de Portugal e concentremo-nos no Paço dos Duques de Bragança, hoje sede oficial da Presidência da República no Norte. 
Construido para D. Afonso viver com a sua segunda mulher, Dona Constança de Noronha, a obra era imponente para a época tornando-se num exemplar único em toda a Península Ibérica. Ainda assim após a morte de D. Constança (1480), primeira Duquesa de Bragança, o edifício foi, paulatinamente, deixado ao abandono e teve mesmo que sofrer obras de requalificação a partir de 1937, data em que também o interior foi amplamente recheado com objectos que ainda hoje estão à vista de quem os quiser admirar. Entre mobiliário, peças de decoração, armas ou arquitectura tudo está bem conservado e documentado. De todo o material destacam-se as Tapeçarias de Pastrana pelo grande contributo para a documentação dos descobrimentos portugueses que contam algumas das aventuras lusas pelo Norte de África. É também importante destacar o conjunto de móveis portugueses pós-descobrimentos nomeadamente o conjunto de contadores com as suas inúmeras gavetas. O Paço dos Duques de Bragança está repleto de autênticas obras de arte sendo uma grande parte de produção nacional. É impossível não lembrar os filmes e telenovelas de época e não imaginar aqueles espaços cheios de pessoas das mais altas classes portuguesas com roupas cheias de charme. 
O monumento nacional classificado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico está imponente a fazer sombra ao Castelo de Guimarães na Colina Sagrada e ambos criam a paisagem perfeita no coração da maternidade de Portugal.

FOTOGRAFIA: © Cláudia Paiva '12