quarta-feira, 23 de maio de 2012

Final Da Taça Marca Luta Estudantil

em Oeiras, Portugal




























A primeira já morava em Coimbra e 73 anos depois da final de 1939 a Briosa arrecada o segundo troféu da prova rainha do futebol português.

Mais do que um dos jogos do ano, a Final da Taça de Portugal é a festa que marca o fim do ciclo futebolístico nacional. O pão com chouriço, a bifana, as toalhas aos quadrados vermelhos e brancos, a cerveja e o vinho são os ingredientes da festa da família num recinto histórico numa das pontas da capital. O Jamor já foi melhor. Também já lhe foi exigido menos. Mas hoje em dia são fracas as condições para acolher um tão importante evento como este. Ainda assim, o jogo no relvado é o que menos importa. 
Neste caso a final da taça é ainda mais importante pela carga política que os estudantes da cidade universitária, por excelência, quiseram impor. As dificuldades financeiras que a classe estudantil atravessa esteve bem presente no intervalo do jogo que opôs a Académica ao Sporting. Percebia-se claramente que havia uma mensagem a passar e que aqueles jovens não estavam ali apenas pelo jogo. Aproveitando o mediatismo associado ao evento a Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra impôs a sua presença através de faixas gigantes e lençóis que cobriam a claque vinda de Coimbra. "Futuro negro no ensino superior" e "mais de 11 mil bolsas recusadas" eram algumas das frases impressas a preto em fundo branco.
No final da partida, com fracos momentos de qualidade desportiva, a Taça acabou mesmo por viajar até Coimbra onde deu o mote à festa pela noite dentro.
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domingo, 20 de maio de 2012

É Magia

em Coimbra, Portugal

A magia não existe. A matemática bate sempre certo. Duas premissas, uma conclusão: mentira.
Parece que deixamos todo o nosso conhecimento de parte, tudo aquilo que sabemos é mentira. Não há verdades absolutas ou relativas. Pura e simplesmente não existem. Assim é a mente do mais sábio dos sábios ou do mais ignorante dos ignorantes. Ter a Quarta Classe ou ser doutorado em Física Quântica. Estamos todos em pé de igualdade ao assistirmos a um espectáculo de ilusionismo. Ou melhor, de magia. 
É difícil descrever um envolvimento tão sincero, tão desinteressado e, ao mesmo tempo, tão ingénuo. A pergunta é sempre a mesma: como se faz? A resposta, inconscientemente, preferimos que ninguém nos dê. Que continuem a deixar-nos com a pulga atrás da orelha e a disfrutar de minutos num mundo onde parece tão fácil ver os problemas resolvidos, que talvez nem existam.
Cotação máxima na bolsa de borboletas do Luís de Matos que provocou um imenso CHAUS na minha cabeça.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Poder Da Palavra Enrolada






























A dificuldade de alguns é o trunfo de outros. É certo que nem toda a gente consegue ter um discurso fluido em público, mas os que conseguem, ganham pontos a seu favor e mudam opiniões.

A questão da argumentação e da retórica não é nova. Já no século Vº (a.c.) foi construido o primeiro tratado de argumentação. Mas vamos à história. A Sicilia, no Egipto, passou a ser governada por dois tiranos que retiravam as terras aos proprietários e as entregavam aos militares. Passado algum tempo a tirania foi derrubada e os proprietários quiseram recuperar o que era seu por direito. Para isto Córax e Tísias desenvolveram o primeiro Tratado de Argumentação para ser utilizado pelos donos das terras que levantaram inúmeros processos em tribunal.
Mas se neste mito fundador, a retórica era utilizada para fazer valer factos verdadeiros depressa passou a servir interesses. A Retórica não precisa de conhecer a realidade das coisas; basta-lhe um certo procedimento de persuasão por si inventado para que pareça, diante dos ignorantes, mais sábia que os sábios, afirmou Sócrates. Também Aristóteles vincou esta ideia: a retórica tem base numa verdade provável, e não provada; plausível, e não certa; verosímil, e não evidente, concluiu.
Parece que actualmente esta ideia não só não se alterou, como acabou por se agravar. Se no princípio a retórica defendia verdades e direitos, a determinada altura passou a defender apenas meias verdades, por vezes condenáveis. Agora até já uma mentira com uma boa base de argumentação parece tornar-se verdade. O tempo evolui e a argumentação é fundamental para mudar mentalidades. Será correcto fazer isto com premissas falsas? Aliás, será que existem mesmo premissas falsas?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

América Às Direitas ▷



John Kennedy foi um homem que conseguiu colocar as finanças norte-americanas na linha com as suas políticas que reduziram a austeridade e a agressividade para a população dos Estados Unidos. Nem todas as suas acções foram louváveis, mas pode deixar-nos a pensar nas linhas económicas que são seguidas actualmente na Europa. Depois do bom e do mau, Kennedy acabou morto de forma pouco honrada com dois tiros na cabeça. 

Permanece uma frase que me parece acertada e que deve ser levada em conta nas decisões que tomamos hoje em dia: "Ask not what your country can do for you - ask what you can do for your country." (Não perguntes ao teu país o que ele pode fazer por ti. Pergunta antes o que tu podes fazer pelo teu país.) Quer-me parecer que uma boa solução para a crise: cada um fazer a sua parte.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Do Mais, O Menos

em Paris, França
© CP'12



Na Rua Rivoli, em Paris, está um dos melhores museus do mundo. Cenário de filmes o Louvre atrai por tudo menos pela Mona Lisa.


Confesso que não as contei, mas depois de uma breve pesquisa cheguei ao redondo número de 380 mil obras. Um número destes é, por si só, esclarecedor da atracção dum museu que não se pode destacar apenas por um só retrato.
Para começar o edifício onde se situa o museu mais visitado do mundo é duma imponência tal que, como se costuma dizer, deve ter uma código postal só para si. O real Castelo do Louvre tem mais de 800 anos e aquando da sua fundação, por Filipe II, tinha como principal função a protecção de Paris das invasões Vikings. Daí a sua grandeza. 
Mas voltando ao actual Museu do Louvre, embora as obras lá presentes sejam famosíssimas e de pura beleza é óbvio que quando se fala em Louvre, fala-se em Mona Lisa. Por curioso que pareça todos os que vêem o retrato, pintado por Leonardo Da Vinci, ficam desiludidos. O quadro é pequeno, está rodeado de segurança, tem um vidro que impede a qualidade das fotografias e montes de chineses a tirar fotos em todas as posições à frente da barreira que fica, exagerando, meio quilómetro afastada da obra.
© CP'12
No meio de tanta e tão boa arte para quê perder tempo com esta que, embora envolvida de fama e misticismo, pouco mais é que um retrato como tantos outros que já vimos. É ainda um desrespeito pelo próprio autor que mais vistosas obras assinou.

Depois de ultrapassada a frustração causada pela apoucada Mona, a visita continua. A partir daqui sim. Sem desilusões. Agora a palavra chave é surpresa. Quando não se está à espera de nada, o qualquer coisa já é bom. Mas o Louvre dá-nos mais que qualquer coisa, dá-nos tudo.
Obras de grandes artistas europeus destacam-se assim como se destaca um leque vasto de artefactos do Egipto que parecem nunca ter saído de moda.
© CP'12
O Museu do Louvre é, de facto, fantástico. Visita-lo com minúcia e degusta-lo devidamente requer mais tempo que uma simples manha. Merece até uma viajem de propósito a Paris apenas com o objectivo de vasculhar oito mil anos de Oriente e Ocidente.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Pensador

em Paris, França

© CP'12
A obra de Auguste Rodin é uma das boas surpresas quando passamos pelos jardins do antigo Hotel Biron, transformado no museu com a mais vasta colecção do escultor. Embora existam várias cópias desta obra, a original apenas se pode visitar no Musée Rodin, em Paris.

domingo, 13 de maio de 2012

Crónica De Um Estudante Molhado

em Coimbra, Portugal
© ISA, AG: A CABRA'12 
Uma semana de Festa. A maior entre todas, diz-se. A verdadeira Queima das Fitas já acabou e, agora, sobram os sapatos enlameados.

As promessas são sempre as mesmas: "picar o ponto" todos os dias, ser varrido, de manha, pelos seguranças quando a música acabar e o recinto estiver para fechar e, claro, entre a entrada e saída regar bem o espírito que vem já bem aconchegado pelos típicos jantares que acabam por volta das três da manhã.
Se a falta de ocupação diurna, no meu primeiro ano, me fez cumprir todos estes votos de forma muito facilitada, já este ano não posso dizer o mesmo.
O mais curioso na Queima das Fitas é que por mais que se critique a falta de qualidade do cartaz, há gente que vem de todo o lado só para viver o espírito da cidade dos estudantes. Espirito esse que não passa por uma ou duas horas em frente ao palco.
Mas afinal o que é o tão exaltado espírito académico? A resposta mais correcta deve recair sobre todos os acontecimentos que envolvem os estudantes e a cidade como é o caso da Serenata Monumental, a capa e a batina, a praxe coerente ou até mesmo a garraiada na Figueira da Foz. Mas embora esta seja a resposta mais correcta nem sempre é a mais dada. O espírito académico é a cerveja aos montes engolida com uma rapidez recorde para culminar numa bebedeira orgulhosa.
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Por estranho que pareça o maior orgulho nas bebedeiras da Queima parece ser mesmo dos familiares (muitas vezes pais e irmãos) que visitam a cidade no dia do cortejo e fotografam os seus rebentos a sugarem cerveja como se não houvesse amanha e de sorriso nos lábios ainda dizem aos filhos mais novos: "- Estuda, meu filho, que daqui por uns anos és tu que estás ali.".
Ainda assim compreendo melhor os excessos alcoólicos que fazem desinibir os foliões do cortejo (sem contar com os que entopem os hospitais) do que o desperdício de cerveja. Mais uma tradição que parece ter sido anexada à cidade do Mondego: abrir latas de cerveja e despeja-las por cima dos colegas. Não consigo compreender porque é que isto se faz e até nem acho grande piada.
© SB, RUC'12
Embora neste meu segundo ano de Queima, bandas houveram que me chamaram a atenção e foram capazes de me prender por algum tempo, confesso que apenas o Rei da música popular ainda me consegue manter em frente ao palco durante cerca de hora e meia. Não percebo porque. Como se costuma dizer "é vira o disco e toca o mesmo". Mas já é habitual o Quim Barreiros puxar o povo até ao recinto em dia de cansaço provocado pelos passos largos dados durante a tarde de domingo no cortejo da Queima. Uns passos de dança ao som dos hits deste senhor, estimulados pela cerveja e sangria bebidas ao jantar, são suficientes para levar a noite como ganha.
Embora o balanço desta Queima seja positivo não conseguiu superar a do ano anterior. Lamento. E muito.