Que as novas tecnologias ainda não são consensuais já todos sabemos, mas aquilo que ainda não sabemos é que um jornalista da escrita deve usar um bloco de notas em vez de um gravador quando faz uma entrevista.
A vantagem de se fazer uma entrevista para um jornal reside no objecto de captação de ideias do entrevistado. Pode parecer confuso mas na obra "A Entrevista Escrita e o Perfil", Henri Montant, explica tudo.
Um gravador, um microfone ou até mesmo uma câmara de televisão podem intimidar fortemente um interlocutor que não esteja habituado a dar entrevistas, assim o autor da obra de que vos falo diz que a melhor forma disto se resolver é com a utilização do bloco de notas, afirmando mesmo que "nada substitui a tomada de notas, inteligente, selectiva e atenta" e que o gravador se deve reservar a "entrevistas muito técnicas, cheias de números". Montant alerta também para a falibilidade de um aparelho de gravação audio que se pode avariar "ao contrário da inteligência e da atenção de quem toma as notas à mão". O mais curioso é que o autor da obra publicada, em português, em 2002 dá um conselho - No caso de o entrevistado começar a divagar o jornalista deve parar de escrever e pousar a caneta em cima da mesa.
Creio que um pequeno gravador em cima da mesa, discreto o suficiente, não vai deixar nervoso ou em pânico o entrevistado e assim o jornalista pode preocupar-se com as perguntas que preparou previamente e assim guardar os apontamentos para questões fracturantes que pretenda, ainda, ver respondidas nessa mesma entrevista sem que as tenha preparado, questões essas que vão surgindo no calor da conversa.